São Paulo, Sábado, 16 de Janeiro de 1999
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Stroessner leva ao exílio

LUÍS EBLAK
da Redação

A ditadura do general paraguaio Alfredo Stroessner (1954-89) criou uma geração de escritores exilados. Alguns, depois do retorno da democracia no Paraguai (89), voltaram ao país, como é o caso do mais famoso deles, Augusto Roa Bastos.
Stroessner, que assumiu o poder no Paraguai após um golpe de Estado em 1954, vive hoje asilado em Brasília. Ele foi deposto em 89 pelo general Andrés Rodriguez.
Além de Roa Bastos e Casaccia, Rúben Barreiro Saguier e Lincoln Silva foram alguns dos escritores que deixaram o Paraguai. Em suas obras, todos foram ao encontro de um tema comum: o exílio provocado por uma ditadura.
Casaccia deixou Assunção e fugiu para a Argentina após os primeiros anos do governo de Stroessner. Sua obra mais conhecida, "Los Exiliados" (1966), trata exatamente do isolamento de sua pátria.
Com "Rebelión Después" (1970) e "General General" (1975), Lincoln Silva criou uma narrativa de humor sobre o país de Stroessner.
Rúben Barreiro Saguier foi mais longe. Em "Ojo por Diente" (1973), os bastidores das salas de tortura e os históricos das perseguições políticas são descritos em forma de conto.
Roa Bastos também foi perseguido. Não apenas no governo de Stroessner, mas também durante os governos de outros generais. A primeira vez, em 1947, ele foi acusado de se envolver num "movimento revolucionário" contra o general Higinio Moríñigo.
Para escapar da prisão, se refugiou na Embaixada Brasileira em Assunção, para depois ir para a Argentina. Tentou voltar ao país, mas seu nome estava na lista dos "subversivos" do general Alfredo Stroessner.
No exílio, escreveu "Hijo de Hombre", sobre ditaduras paraguaias, e o mais célebre "Yo, El Supremo" ("Eu, O Supremo").
Roa Bastos declarou no ano passado o desejo de entrevistar Stroessner no Brasil. O projeto não foi adiante, mas ele tem um projeto para escrever uma obra sobre Stroessner.


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