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SHOW/CRÍTICA
Dinossauro Roger Waters emociona Pacaembu
MARCELO VALLETTA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O show "In the Flesh", que
trouxe o veterano Roger
Waters, 58, de volta aos palcos
após quase uma década de ausência, provou o que já era sabido: sozinho, Waters vale muito mais do
que o embaraçoso Pink Floyd dos
últimos 15 anos.
Fãs do supergrupo britânico, o
mais expressivo entre os praticantes do controvertido rock progressivo, tiveram a chance de ouvir alguns clássicos na voz de seu
compositor e intérprete legítimo.
O público brasileiro teve a sorte
de encarar a turnê de Waters em
estágio mais avançado. O show
apresentado por aqui teve como
bônus, além de uma música novíssima ("Flickering Flame", que
fechou o espetáculo de três horas
de duração), as projeções oficiais
de antigos shows do Pink Floyd.
Ícones clássicos do grupo, como
a marcha dos martelos de "The
Wall", o porco voador de "Animals" e o prisma de "Dark Side of
the Moon", ausentes do início da
turnê, registrada em CD e DVD
há cerca de dois anos, ajudaram a
emocionar o público que quase
lotou o Pacaembu na primeira
apresentação de Waters em São
Paulo, anteontem.
Menos disciplinados do que as
platéias de outros países visitados
pela turnê, os brasileiros deram
um show à parte, com direito a
"ôlas", um festival de isqueiros
acesos e o forte coro acompanhado de pulos e braços erguidos nas
músicas mais famosas do Pink
Floyd, como "Another Brick in
the Wall Part 2", "Time", "Shine
on You Crazy Diamond" e "Comfortably Numb".
Acompanhado de um time de
músicos afiadíssimos e com uma
qualidade de som digna de uma
boa sala de cinema -uma raridade nos shows de estádio no Brasil-, Waters conseguiu se soltar e
entusiasmou os espectadores
mesmo em músicas de sua não
tão bem-sucedida carreira solo,
como "Perfect Sense" e "It's a Miracle".
Entretanto, o show, cujo repertório deixa a desejar -músicas
mais interessantes do Pink Floyd
ficaram de fora, em detrimento
dos "hits"-, não consegue se livrar do ranço saudosista. Para a
platéia brasileira, formada em sua
maioria por pessoas que têm idade para ser filhos ou até netos de
Waters, "In the Flesh" serve apenas como um grande consolo para aqueles que já enjoaram de escutar os velhos "disco do prisma"
e "disco do muro" e sonhavam
em ver suas músicas ao vivo. Para
a felicidade de muitos, alguns dinossauros ainda caminham pela
Terra.
Avaliação:
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