"Memorial de Maria Moura", que chega no próximo domingo às bancas, é 6º volume

Livro concluído pela autora aos 82 anos narra a saga de sinhazinha convertida a chefe de bando; história virou minissérie da TV Globo

DA REPORTAGEM LOCAL

Concluído em 1992, quando a consagrada romancista, dramaturga e cronista Rachel de Queiroz (1910-2003) tinha 82 anos, "Memorial de Maria Moura" é uma obra ambiciosa, que, por sua extensão, adquire ares de épico.
Este sexto volume da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros" apresenta algumas tramas paralelas. As principais são a da transformação de Maria Moura de sinhazinha a chefe de bando, a do crime e expiação do padre José Maria e a do amor proibido entre Marialva e Valentim.
Depois de mandar matar o padrasto que a vinha assediando, Maria enfrenta uns parentes inescrupulosos, que armam cerco contra seu sítio. Para não entregar a propriedade, a moça ateia fogo à casa. Depois, já chefe de uma quadrilha, passa a assaltar viajantes pelas estradas do Império.
Maria toma posse de um novo terreno, onde constrói uma fortaleza e exerce uma liderança baseada ora em valores retos, como a defesa dos fracos (mulheres e escravos, por exemplo), ora recorrendo a táticas vis.
Esse misto de bondade e perversão compõe a sina do padre José Maria, que engravida uma paroquiana, e, ao presenciar o assassinato dela pelo marido, vinga-se do rival, matando-o. À procura de remissão, o ex-padre, convertido em beato, acaba aliando-se ao bando de Maria Moura.
O terceiro vértice do triângulo na comunidade de Moura reside na prima Marialva, que se apaixona pelo saltimbanco Valentim -e se vê obrigada a buscar com ele guarida no valhacouto. Unidos pelo amor, o casal representa uma instância de pureza que nem Maria Moura nem o beato Romano logram alcançar.
"Memorial de Maria Moura" recebeu boa acolhida na época do lançamento -sucesso que só aumentou com o êxito de uma minissérie produzida pela Rede Globo em 1994.


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