São Paulo, segunda, 16 de março de 1998

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Corpo de baile não tem rival

das agências internacionais

Apesar da situação periclitante, as coisas não são tão terríveis como se poderia pensar lendo a imprensa russa. Objetivamente a companhia de balé do Bolshoi continua a ser uma das melhores do mundo e conta com pela menos uma superestrela, Nina Ananiashvili, e com amplo grupo de excelentes solistas femininas.
Quanto aos homens, o Bolshoi tem solistas suficientes para equipar cinco companhias de balé ocidentais. Por fim, o corpo de baile não tem rival.
Não se pode discutir que Vladimir Vasiliev se esforçou por renovar o repertório do Bolshoi. O ruim é que, de acordo com muitos, isso não trouxe melhoras, e os mais críticos dizem que inclusive a qualidade caiu. Vasiliev sem dúvida foi um grande bailarino, mas numerosos especialistas expressam dúvidas quanto ao seu talento como coreógrafo.
Esta temporada será decisiva para a renovação do Bolshoi. Peter Ustinov encenou "Amor Por Três Laranjas", de Sergei Prokofiev, com grande êxito.
Além disso, Vasiliev contratou um jovem coreógrafo, Alexei Ramantski, que montou "Mozartiana", de Balanchine, e "Sonhos sobre o Japão", com Ananiashvili como estrela.
Vasiliev, além disso, garantiu que nesta temporada não encenaria nenhuma coreografia sua, o que pode vir a ser confirmado.
É claro que o Bolshoi não se recuperará, se não obtiver o financiamento de que precisa. O edifício está em situação catastrófica, e não causaria surpresa se desabasse algum dia. Basta comparar o orçamento do primeiro teatro da Rússia com o de outros teatros estrangeiros para compreender a lastimável situação do Bolshoi.
O Balé da Cidade de Nova York, por exemplo, tem um orçamento de mais de US$ 30 milhões, sem contar fundos de pensão, e o orçamento do American Ballet Theater é de US$ 12 milhões, enquanto o Bolshoi arranjou-se no ano passado com minguados US$ 2 milhões.
Felizmente, pode ser que as coisas mudem e que o Estado, por fim, dê ao Bolshoi o dinheiro de que tanto precisa. As autoridades pelo menos prometeram um orçamento de US$ 23 milhões este ano, contra os US$ 27 milhões solicitados pelo Bolshoi.
Se a promessa for cumprida, o primeiro teatro de balé e ópera da Rússia terá a possibilidade de recuperar seu magnífico nível do passado.



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