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ANÁLISE
Filme infantil dá menos prestígio
DA REPORTAGEM LOCAL
Contam-se nos dedos de uma
mão os filmes infantis ou infanto-juvenis brasileiros que, de
fato, conseguiram comunicar-se com o público buscado. Nos
últimos 15 anos, no que se convencionou chamar de era da retomada - quando a produção
nacional ressuscitou, após a extinção da Embrafilme -, apenas "Menino Maluquinho",
"Castelo-Rá-Tim-Bum" e "Tainá - uma Aventura na Amazônia" enlaçaram sucesso comercial a qualidade artística.
As razões para o vazio nesse
segmento, um dos mais rentáveis do cinema, parecem ser
duas: o risco comercial de se
lançar produções destinadas a
uma faixa restrita e o pouco
prestígio que o gênero reserva.
A primeira razão é bem explicada por Eliana Soárez, da
Conspiração, que produziu "Eu
e Meu Guarda-Chuva", aposta
importante do segundo semestre. Ela observa que, enquanto
um filme como "A Mulher Invisível" pode ser visto por espectadores dos 14 aos 80 anos, este
outro atrairá apenas as crianças. Paulo Sérgio de Almeida,
que edita o boletim Filme B,
acha também que o mercado
teen, pela sutileza, requer "um
raciocínio mercadológico" que
o cinema brasileiro talvez não
esteja preparado para fazer.
Neste momento, o que se vê é
um interesse dos distribuidores e produtores, mas um pé
atrás por parte dos realizadores. Não é difícil entendê-los.
Esses filmes despertam menor
interesse na crítica, não combinam com pré-estreias badaladas e, de quebra, não costumam
ser selecionados para festivais.
Outro empecilho para a continuação dessa onda é que o
Brasil adere a esse jogo, justamente, quando outra brincadeira entra em voga: o 3D. O
quanto, dentro em pouco, esse
público não achará sem graça a
tela chapada?
(ANA PAULA SOUSA)
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