São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2010

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ANÁLISE

Filme infantil dá menos prestígio

DA REPORTAGEM LOCAL

Contam-se nos dedos de uma mão os filmes infantis ou infanto-juvenis brasileiros que, de fato, conseguiram comunicar-se com o público buscado. Nos últimos 15 anos, no que se convencionou chamar de era da retomada - quando a produção nacional ressuscitou, após a extinção da Embrafilme -, apenas "Menino Maluquinho", "Castelo-Rá-Tim-Bum" e "Tainá - uma Aventura na Amazônia" enlaçaram sucesso comercial a qualidade artística.
As razões para o vazio nesse segmento, um dos mais rentáveis do cinema, parecem ser duas: o risco comercial de se lançar produções destinadas a uma faixa restrita e o pouco prestígio que o gênero reserva.
A primeira razão é bem explicada por Eliana Soárez, da Conspiração, que produziu "Eu e Meu Guarda-Chuva", aposta importante do segundo semestre. Ela observa que, enquanto um filme como "A Mulher Invisível" pode ser visto por espectadores dos 14 aos 80 anos, este outro atrairá apenas as crianças. Paulo Sérgio de Almeida, que edita o boletim Filme B, acha também que o mercado teen, pela sutileza, requer "um raciocínio mercadológico" que o cinema brasileiro talvez não esteja preparado para fazer.
Neste momento, o que se vê é um interesse dos distribuidores e produtores, mas um pé atrás por parte dos realizadores. Não é difícil entendê-los. Esses filmes despertam menor interesse na crítica, não combinam com pré-estreias badaladas e, de quebra, não costumam ser selecionados para festivais.
Outro empecilho para a continuação dessa onda é que o Brasil adere a esse jogo, justamente, quando outra brincadeira entra em voga: o 3D. O quanto, dentro em pouco, esse público não achará sem graça a tela chapada?
(ANA PAULA SOUSA)


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