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Mostra traz Di que Mario colecionou
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
Mais que traçar o retrato de um
artista quando jovem, a mostra de
trabalhos de Di Cavalcanti que o
Instituto de Estudos Brasileiros
(IEB), na USP, inaugura hoje, serve para reconstituir a amizade que
uniu o pintor ao escritor Mario de
Andrade (1893-1945).
A mostra ``O Jovem Di'' é composta por 41 trabalhos do artista
plástico reunidos pelo escritor entre os anos 10 e 30, período em que
teve mais contato com o círculo
modernista.
A representação sem nacionalismos que Di Cavalcanti fez da realidade social do país e de seus personagens despertou o interesse de
Mario de Andrade, que passou a
colecionar obras do jovem artista.
``Mario de Andrade percebe que
Di Cavalcanti se preocupa com a
arte brasileira, mas sem uma teorização. Di se aproxima da realidade
brasileira por caminhos paralelos
aos dos modernistas'', disse Marta
Rossetti Batista, diretora do IEB.
``Di Cavalcanti (...) Nacionalizou-se conosco, ao mesmo tempo
em que o modernismo o fazia mudar de hora e estação. (...) Sem se
prender a nenhuma tese nacionalista, é sempre o mais exato pintor
das coisas nacionais. Não confundiu o Brasil com paisagens; e em
vez de Pão de Açúcar nos dá sambas, em vez de coqueiros, mulatas,
pretos e carnavais'', escreveu Mario no ``Diário Nacional'', em 8 de
maio de 1932.
Além de seu interesse pessoal em
acompanhar a evolução de Di Cavalcanti, reconhecido pelo próprio
Mario em textos publicados em
jornais da época, suas aquisições
de obras visavam também ao sustento de Di. Algumas cartas em exposição na mostra evidenciam as
constantes dificuldades financeiras do pintor. Em uma delas, com
muito humor, Di manifesta seu
desejo -não realizado- de pintar um retrato do amigo escritor
(leia carta ao lado).
Além dos trabalhos de Di, o IEB
detém o acervo completo de Mario
de Andrade, com 664 obras, que
inclui ainda objetos populares,
imagens religiosas, objetos da Revolução de 32 e mobiliário do ambiente de trabalho do escritor,
além de desenhos, esculturas e
pinturas.
O IEB mantém em exposição
permanente parte desse acervo,
adquirido no final dos anos 60.
O espaço expositivo do IEB é pequeno, mas conserva uma parte
importante da cultura brasileira
deste século, como algumas obras
do modernismo brasileiro: ``O
Homem Amarelo'' e ``O Japonês'',
ambas de Anita Malfatti. Expõe
ainda obras de Rego Monteiro,
Portinari, Clóvis Graciano, Volpi,
Guignard, Tarsila do Amaral e Cícero Dias.
Mostra: O Jovem Di
Onde: Instituto de Estudos Brasileiros -
USP (av. Professor Mello Moraes, travessa
8, 140, tel. 011/818-3247, USP)
Vernissage: hoje, às 17h
Quando: de segunda a sexta, das 14h às
17h
Quanto: entrada franca
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