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DICAS DO ED
Retiro tudo o que já disse sobre vinhos italianos
ED MOTTA
Colunista da Folha
Mudar de opinião é uma coisa
sadia, mas de início me dá uma espécie de vergonha/raiva da anterior. Arrependo-me de ter dito que
não era grande fã de vinho italiano,
exceto os "grandes". Recentemente tive uma surpresa de chorar (de
emoção, prazer e... vergonha): o
Umbria Montiano da safra 96, um
merlot do produtor Falesco.
Uma obra de arte! Aromas explosivos e um paladar em que falar de
perfeição seria pouco.Quando tomei não consegui esperar a comida
ficar pronta -bem antes disso a
vontade era estar na Umbria ou em
São Paulo para beber uma caixa.
O Rubino, outro desse produtor,
também não fica atrás, com estrutura no mesmo nível dos melhores
da Toscana. Depois dessas duas
jóias foi atrás de outras curiosidades da região e do sul da Itália. Ainda na Umbria degustei vinhos de
dois dos maiores produtores.
O Montefalco (sangiovese e sagrantino) do Arnaldo Caprai 95
tem aromas que lembram cereja,
com notas de pimenta-do-reino e,
na boca, um pouco tânico. O da
Azienda Adanti, safra 91, um blend
de barbera, cabernet e merlot, é
cheio de personalidade. É uma beleza descobrir que, apesar das
pressões que as regiões sofrem para atender a enxurrada de gente
que quer ver cabernet sauvignon
até em Marte, consegue-se manter
um sotaque totalmente local.
Se eu tiver que falar dos dez melhores vinhos italianos que já tomei, dois deles estão neste texto: o
Montiano e o Patriglione. Blend
das uvas negroamaro (90%) e malvasia nera (10%), o Patriglione de
90 assusta de tão bom e complexo,
com nariz de chocolate, passas e
frutas secas, que vai ficando cada
vez melhor no copo e boca.
A caminho do sul, deparo-me
com um dos maiores prazeres do
vinho: qualidade por bom preço.
Esse é o caso do Primitivo de Manduria, do produtor Di Marco. A
uva primitivo é uma ancestral da
zinfandel da Califórnia. O vinho
parece um Amarone, um dos meus
favoritos, com misto de aromas de
frutos secos e maduros e excepcional capacidade de envelhecimento.
O segundo vinho desse produtor
é o Malvanera, um malvasia honestíssimo para uma boa pizza
(com massa alta). Para finalizar,
degustei um delicioso Sardegna, o
Dule, de 96, um cannonau (versão
italiana da uva grenache) com pequenas quantidades de sangiovese,
montepultiano e a onipresente cabernet. Boa concentração e aromas
exóticos de cravo e pimenta.
Vinhos: Montiano e Rubino (Mistral, tel. 011/
283-0006), Montefalco e Caprai (Cellar, tel. 011/
531-2419), Patriglione, Dule e Adanti (Vino Divino, tel. 011/829-0338), Primitivo e Malvanera, Di
Marco (Vinishop, tel. 021/263-9581)
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