São Paulo, Sexta-feira, 16 de Abril de 1999 |
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FESTIVAL DE DOCUMENTÁRIOS Courtney matou Kurt. É tudo verdade?
LÚCIO RIBEIRO Editor-adjunto da Ilustrada Kurt Cobain volta a ser assunto. Depois de suscitar reflexões sobre o que aconteceu com o rock depois de seu suicídio, cuja efeméride de cinco anos foi muito lembrada na semana passada, o nome do líder da fenomenal banda Nirvana é evocado com destaque pelo festival de documentários É Tudo Verdade, que está sendo realizado em SP e no Rio. Ganha sua primeira exibição no país, dentro da programação do festival, o explosivo, controverso e proibido "Kurt & Courtney", documentário realizado pelo britânico Nick Broomfield que busca provar que o sujeito de Seattle que arquitetou a maior revolução do rock nos últimos tempos na verdade foi assassinado. O filme, que será mostrado, com legendas, fora de competição hoje no Vitrine, em SP, é recebido aqui com tanta expectativa que, por conta de tanta busca de informações recebida pelo festival, "Kurt & Courtney" ganhou duas exibições extras (amanhã e domingo). Partidário ou não da idéia da teoria de conspiração roqueira de um possível "assassinato", o documentário "Kurt & Courtney" é dos mais interessantes, para quem gosta ou não da banda. Broomfield constrói o filme sem usar uma música do Nirvana e com muito poucas imagens de Kurt, Courtney e famosos. Só anônimos que de alguma certa forma participaram da vida do roqueiro. Do pai de Courtney Love à babá da filha de Cobain, só aparecem anônimos. Leia a seguir a entrevista que Nick Broomfield concedeu à Folha, na última segunda-feira, de Los Angeles. Folha - Um ano depois das primeiras exibições do filme e de toda a enxurrada de repercussão que causou, como você vê hoje o seu "Kurt & Courtney"? Nick Broomfield - Ele ainda está bem atual, a meu ver. A polêmica na indústria musical sobre o que matou ou o que teria levado Cobain à morte ainda está bastante viva. Kurt Cobain é um nome que marcou de vez a música desta década, tanto que podemos observar as muitas manifestações pelo mundo nos últimos dias, que lembram os cinco anos de sua morte. Folha - Você ainda hoje tem problemas em exibir seu filme? Broomfield - Eu fiquei sabendo que Courtney Love, durante a turnê de sua banda (Hole) na Nova Zelândia no mês passado, parou um show e ficou discursando contra o filme durante dez minutos, depois que alguém na platéia levantou o cartaz de meu filme. Folha - Você tentou falar com Courtney Love, depois que o filme estava pronto? Broomfield - Não. Ela teve a chance de falar e não quis. Folha - Seu filme passa a quem o vê que é praticamente claro que Courtney matou Kurt, ou melhor dizendo, que é responsável de alguma forma por seu suicídio. Você acredita mesmo nisso ou apenas ligou a câmera e a teoria da conspiração se fez? Broomfield - Eu não acho que Courtney matou Kurt, ela mesmo. Mas acho realmente que ela o levou ao suicídio. Ele deu mostras que poderia se matar, e Courtney não despertou o mínimo interesse em evitar a tragédia. Folha - De acordo com o interesse do público para ver "Kurt & Courtney", o festival abriu duas sessões extras... Broomfield - Isso é brilhante. Fui convidado para ir ao Brasil, mas não pude. Folha - Há algum novo filme seu vindo por aí? Broomfield - Estou fazendo várias pesquisas para várias coisas. Ando meio preguiçoso. Filmar "Kurt & Courtney" me deixou esgotado. E, agora, quando fizer um novo filme, tenho a responsabilidade de torná-lo tão grande quanto "Kurt & Courtney". Folha - Você ganhou dinheiro com "Kurt & Courtney"? Broomfield - Estava completamente quebrado quando fiz o filme. E digamos que agora tenho algum dinheiro para o próximo. Folha - O que levou você a fazer "Kurt & Courtney"? Broomfield - Sempre gostei muito das canções do Nirvana. Costumava tocar bem alto no meu carro e já quase me envolvi em acidentes por causa disso. Estava quase fazendo um documentário sobre Margaret Thatcher, quando ele morreu. Aí mudei de idéia. Avaliação: Filme: Kurt & Courtney Direção: Nick Broomfield Quando: hoje, 23h; amanhã e domingo, 13h Onde: Estação Vitrine Texto Anterior: Erudito: Sesc inicia hoje série "Brasil 500 anos" Próximo Texto: Filme esboça três séculos de história Índice |
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