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São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2003

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50ª BIENAL DE VENEZA

"Pittura/ Painting" perpassa arte contemporânea

Pintura dos últimos 40 anos vem a SP em 2004

DO ENVIADO A VENEZA

A mostra "Pittura/Painting: de Rauschenberg a Murakami", manifesto em defesa da pintura do curador Francesco Bonami, aberta ontem, na Bienal de Veneza, chegará a São Paulo, em 25 de janeiro de 2004, remodelada.
Segundo Edemar Cid Ferreira, presidente da BrasilConnects, uma das patrocinadoras da mostra, a exposição "será ampliada para permitir uma visão educativa, mais ampla, da história da pintura contemporânea". Bonami disse à Folha que irá manter os artistas, mas algumas obras serão substituídas.
A exposição tem início com a tela "Kite", de Rauschenberg, que em 1964 recebeu o grande prêmio de pintura da Bienal de Veneza. "Foi a primeira vez que um norte-americano recebeu tal prêmio, o que gerou vários protestos na Itália", conta Bonami.
Na sala introdutória da mostra, estão reproduzidos e ampliados recortes de jornais da época dando conta do escândalo que foi premiar uma pintura que utilizava técnicas mistas, como a serigrafia, e se utilizava da temática política -ela foi feita em 63, ano do assassinato de John Kennedy.
Na mesma sala, é exibido o comercial de Murakami para as bolsas Louis Vuitton, desenhadas pelo artista japonês e vendidas a US$ 3 mil nas lojas ou US$ 30 nos camelôs de Veneza. Assim, o curador atesta a mudança de atitutude frente à arte: em tempos de globalização, não há espaço para polêmicas, o consumo se encarrega de tornar tudo palatável.
A exposição, montada em apertadas salas do Museu Correr, na praça de São Marcos, mostra o desenvolvimento da pintura nos últimos 40 anos pela lente da bienal italiana. Por conta das dimensões das salas, a grande maioria é composta de telas de pequenas dimensões. É estranho, por exemplo, ver uma obra de menos de um metro do alemão Anselm Kiefer, que, em geral, apresenta trabalhos imensos.
Entretanto, a curadoria foi ousada ao incluir artistas como o inglês Damien Hirst, mais conhecido por suas instalações e cuja pintura na mostra, de 1991, já está com rachaduras. Seria ele um mau pintor? "Mesmo na pintura, nem sempre é o suporte que interessa", diz Bonami.
Já Murakami, 41, último artista na mostra organizada de forma cronológica, diz, ironicamente, estar feliz e triste por participar dela. "É uma honra, mas não me considero o fim da pintura. Sei que depois de mim, muitos virão." (FABIO CYPRIANO)


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