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50ª BIENAL DE VENEZA
"Pittura/ Painting" perpassa arte contemporânea
Pintura dos últimos 40 anos vem a SP em 2004
DO ENVIADO A VENEZA
A mostra "Pittura/Painting: de
Rauschenberg a Murakami", manifesto em defesa da pintura do
curador Francesco Bonami, aberta ontem, na Bienal de Veneza,
chegará a São Paulo, em 25 de janeiro de 2004, remodelada.
Segundo Edemar Cid Ferreira,
presidente da BrasilConnects,
uma das patrocinadoras da mostra, a exposição "será ampliada
para permitir uma visão educativa, mais ampla, da história da
pintura contemporânea". Bonami disse à Folha que irá manter os
artistas, mas algumas obras serão
substituídas.
A exposição tem início com a tela "Kite", de Rauschenberg, que
em 1964 recebeu o grande prêmio
de pintura da Bienal de Veneza.
"Foi a primeira vez que um norte-americano recebeu tal prêmio, o
que gerou vários protestos na Itália", conta Bonami.
Na sala introdutória da mostra,
estão reproduzidos e ampliados
recortes de jornais da época dando conta do escândalo que foi
premiar uma pintura que utilizava técnicas mistas, como a serigrafia, e se utilizava da temática
política -ela foi feita em 63, ano
do assassinato de John Kennedy.
Na mesma sala, é exibido o comercial de Murakami para as bolsas Louis Vuitton, desenhadas pelo artista japonês e vendidas a
US$ 3 mil nas lojas ou US$ 30 nos
camelôs de Veneza. Assim, o curador atesta a mudança de atitutude frente à arte: em tempos de
globalização, não há espaço para
polêmicas, o consumo se encarrega de tornar tudo palatável.
A exposição, montada em apertadas salas do Museu Correr, na
praça de São Marcos, mostra o
desenvolvimento da pintura nos
últimos 40 anos pela lente da bienal italiana. Por conta das dimensões das salas, a grande maioria é
composta de telas de pequenas dimensões. É estranho, por exemplo, ver uma obra de menos de
um metro do alemão Anselm Kiefer, que, em geral, apresenta trabalhos imensos.
Entretanto, a curadoria foi ousada ao incluir artistas como o inglês Damien Hirst, mais conhecido por suas instalações e cuja pintura na mostra, de 1991, já está
com rachaduras. Seria ele um
mau pintor? "Mesmo na pintura,
nem sempre é o suporte que interessa", diz Bonami.
Já Murakami, 41, último artista
na mostra organizada de forma
cronológica, diz, ironicamente,
estar feliz e triste por participar
dela. "É uma honra, mas não me
considero o fim da pintura. Sei
que depois de mim, muitos virão."
(FABIO CYPRIANO)
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