São Paulo, sábado, 16 de julho de 2005

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Como seria o Dom Quixote dos dias de hoje, no Brasil e no mundo?

"Hoje o Dom Quixote estaria perdido. Porque é uma confusão louca, ninguém entende nada. Eu estava assistindo pela televisão o negócio de CPI. É uma coisa realmente lastimável. Dá uma impressão de miudeza que sufoca a gente. É, o Quixote de hoje seria o político não corrupto. Perfeito." (Autran Dourado)

"Não há como "aplicar" a obra-prima de Cervantes aos dias de hoje no Brasil. O clima espiritual da nação brasileira não comporta figuras simbólicas de altitude moral. No século de ouro espanhol teríamos, quando muito, direito a fazer parte da intriga dum romance picaresco. Nem sei se Lazarillo de Tormes e Guzmám de Alfarache nos abririam de bom grado as portas da criação literária.
No plano universal, talvez o Quixote pudesse aparecer vestido de juiz togado, dizendo ao presidente Bush que a crítica ao terror não se faz pelo repeteco das guerras coloniais. Faz-se antes pelo processo de deslegitimação do terror pela razão jurídica."
(Silviano Santiago)

"Se Quixote fosse vivo, ele estaria combatendo as desigualdades no mundo, com outras pessoas de boa vontade. E assim acabaria, no Brasil, com a fome, e no mundo, com o terrorismo." (Walnice Nogueira Galvão)

"Quem ainda acredita no sonho? Apesar do lugar comum, a frase o sonho exprime o fim das utopias das vanguardas dos anos sessenta. O sujeito pós-moderno, independente da conjuntura em que vivamos, tem um caráter mais niilista. É individualista, falta-lhe mesmo o projeto. E sem projeto não há sonhos, não há moinhos de ventos a combater." (Cláudia Chaves)


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