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PERSONALIDADE
Dois tiros na cabeça mataram o estilista italiano, 50; polícia suspeita de serial killer que ataca gays
Gianni Versace é assassinado em Miami
EDIANA BALLERONI
especial para a Folha, de Miami
O estilista italiano Gianni Versace, 50, foi assassinado ontem à
queima-roupa com dois tiros na
região da cabeça em frente à sua
mansão em Miami Beach, EUA.
O crime ocorreu por volta das
8h50. Versace (pronuncia-se
"versatche") morreu no local,
mas só foi declarado morto após
dar entrada no Centro de Traumas
do Jackson Memorial Hospital.
A polícia não tem dúvidas de que
o criminoso objetivava assassinar
Versace e de que se trata de alguém
acostumado a matar.
O criminoso, segundo a polícia,
é um homem branco, cerca de 25
anos, 1,80m, que usava camisa
branca ou cinza, shorts pretos, boné branco e uma mochila preta.
Roupas que correspondem a essa
descrição foram encontradas ao
lado de uma picape vermelha roubada, em um estacionamento a
três quadras do crime.
A polícia não quis comentar sobre a picape e as roupas, mas foi
enfática em um ponto: o criminoso matou Versace, saiu andando
calmamente e não roubou nada.
"Não há dúvidas de que Versace
era o alvo", afirmou Richard Barreto, chefe de polícia de Miami.
A polícia divulga detalhes sobre
o crime para não prejudicar as investigações. Foi confirmado apenas que há várias testemunhas e
um retrato falado do assassino.
A Folha apurou que existem pelo
menos duas: o assistente pessoal
de Versace -que estaria saindo da
casa quando o estilista entrava e foi
morto- e uma mulher que passava pelo local na hora do crime.
O FBI, a polícia federal americana, foi chamado para o caso. Alguns noticiários locais informaram que um serial killer homossexual procurado pelo FBI em vários
Estados seria o principal suspeito.
O nome dele é Andrew Cunanan,
corresponde à descrição do criminoso e está sendo procurado pelo
assassinato de quatro homossexuais (leia texto ao lado). Versace
era homossexual assumido.
Há rumores de que agentes do
FBI especializados em matadores
profissionais teriam chegado a
Miami na tarde de ontem.
A casa de Versace foi comprada
em 92. Era um hotel, que foi reformado. Tem três andares, um observatório e uma piscina olímpica.
É a única casa em toda a Ocean
Drive, badalada rua de Miami
Beach, onde estão os principais
bares e restaurantes da região.
Nunca havia seguranças na casa,
apenas um circuito de tevê.
Versace abria o portão -ele havia saído para comprar revistas-
quando o criminoso se aproximou
e disparou dois tiros em sua nuca.
O calibre da arma não foi revelado,
mas fontes do hospital e uma testemunha afirmam que metade da cabeça do estilista foi destroçada.
Vários comerciantes locais mencionavam que é notória a participação da máfia em muitos dos negócios de Miami Beach -restaurantes, lojas, casas noturnas.
Comentava-se a suposta ligação
do irmão do próprio estilista com a
máfia (leia texto abaixo). As características do crime -praticamente
uma execução-, o comportamento do assassino e a entrada do
FBI esquentaram os boatos.
A polícia certamente sabe mais
do que está revelando. Às 14h25 de
ontem a cena do crime foi totalmente desmontada. As escadas da
mansão do estilista -que estavam
banhadas de sangue- foram lavadas e evidências, que incluíam os
chinelos de plástico do estilista,
uma pomba morta e as revistas
que Versace havia acabado de
comprar, foram retiradas do local.
A rua foi reaberta ao público.
No Brasil
No dia 10 de setembro de 96
-um mês antes de a marca completar 20 anos-, Versace inaugurou sua primeira loja na América
Latina, na rua Bela Cintra, no bairro dos Jardins, em SP.
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