São Paulo, quarta, 16 de julho de 1997.



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PERSONALIDADE
Dois tiros na cabeça mataram o estilista italiano, 50; polícia suspeita de serial killer que ataca gays
Gianni Versace é assassinado em Miami

EDIANA BALLERONI
especial para a Folha, de Miami

O estilista italiano Gianni Versace, 50, foi assassinado ontem à queima-roupa com dois tiros na região da cabeça em frente à sua mansão em Miami Beach, EUA.
O crime ocorreu por volta das 8h50. Versace (pronuncia-se "versatche") morreu no local, mas só foi declarado morto após dar entrada no Centro de Traumas do Jackson Memorial Hospital.
A polícia não tem dúvidas de que o criminoso objetivava assassinar Versace e de que se trata de alguém acostumado a matar.
O criminoso, segundo a polícia, é um homem branco, cerca de 25 anos, 1,80m, que usava camisa branca ou cinza, shorts pretos, boné branco e uma mochila preta.
Roupas que correspondem a essa descrição foram encontradas ao lado de uma picape vermelha roubada, em um estacionamento a três quadras do crime.
A polícia não quis comentar sobre a picape e as roupas, mas foi enfática em um ponto: o criminoso matou Versace, saiu andando calmamente e não roubou nada. "Não há dúvidas de que Versace era o alvo", afirmou Richard Barreto, chefe de polícia de Miami.
A polícia divulga detalhes sobre o crime para não prejudicar as investigações. Foi confirmado apenas que há várias testemunhas e um retrato falado do assassino.
A Folha apurou que existem pelo menos duas: o assistente pessoal de Versace -que estaria saindo da casa quando o estilista entrava e foi morto- e uma mulher que passava pelo local na hora do crime.
O FBI, a polícia federal americana, foi chamado para o caso. Alguns noticiários locais informaram que um serial killer homossexual procurado pelo FBI em vários Estados seria o principal suspeito.
O nome dele é Andrew Cunanan, corresponde à descrição do criminoso e está sendo procurado pelo assassinato de quatro homossexuais (leia texto ao lado). Versace era homossexual assumido.
Há rumores de que agentes do FBI especializados em matadores profissionais teriam chegado a Miami na tarde de ontem.
A casa de Versace foi comprada em 92. Era um hotel, que foi reformado. Tem três andares, um observatório e uma piscina olímpica.
É a única casa em toda a Ocean Drive, badalada rua de Miami Beach, onde estão os principais bares e restaurantes da região. Nunca havia seguranças na casa, apenas um circuito de tevê.
Versace abria o portão -ele havia saído para comprar revistas- quando o criminoso se aproximou e disparou dois tiros em sua nuca. O calibre da arma não foi revelado, mas fontes do hospital e uma testemunha afirmam que metade da cabeça do estilista foi destroçada.
Vários comerciantes locais mencionavam que é notória a participação da máfia em muitos dos negócios de Miami Beach -restaurantes, lojas, casas noturnas.
Comentava-se a suposta ligação do irmão do próprio estilista com a máfia (leia texto abaixo). As características do crime -praticamente uma execução-, o comportamento do assassino e a entrada do FBI esquentaram os boatos.
A polícia certamente sabe mais do que está revelando. Às 14h25 de ontem a cena do crime foi totalmente desmontada. As escadas da mansão do estilista -que estavam banhadas de sangue- foram lavadas e evidências, que incluíam os chinelos de plástico do estilista, uma pomba morta e as revistas que Versace havia acabado de comprar, foram retiradas do local. A rua foi reaberta ao público.
No Brasil
No dia 10 de setembro de 96 -um mês antes de a marca completar 20 anos-, Versace inaugurou sua primeira loja na América Latina, na rua Bela Cintra, no bairro dos Jardins, em SP.



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