São Paulo, Sexta-feira, 16 de Julho de 1999
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NOITE ILUSTRADA - ERIKA PALOMINO
Lei seca é o fim da picada na noite de SP

A noite em São Paulo acabou. Alguém duvida? Um passeio pela madrugada de ontem em SP foi desolador, parecia uma cidade do interior; dia de jogo do Brasil, Lei Seca, sei lá. Saí do Ritz e dei uma volta pelos Jardins. Tudo às moscas; idem para a Vila Madalena, irreconhecível. Estava tudo em perfeito silêncio, claro, mas e aí?

SÃO Paulo não é Nova York, mas essa medida idiota está parecendo as perseguições do prefeito Rudolph Giuliani ao povo da noite. Sem a cultura e o movimento dos bares, a cidade vai se transformar numa cidade chata, caipira e certamente mais pobre.

DEIXANDO de lado as avaliações econômicas para quem tem mais prática, do nosso lado aqui dá para avaliar alguns pontos, caso ninguém consiga mesmo impedir essa idéia. Primeiro: que as pessoas vão beber mais em casa e será a volta das festinhas na sala! Que as lojas de conveniência vão se dar superbem, entupidas de malucões comprando pencas de garrafas de vinho e pinga! Que São Paulo vai ficar tipo Londres e todo mundo vai começar a beber mais cedo; vida longa ao happy hour! Que os clubes vão ter um incrível movimento, já que ninguém mais vai ter onde ficar. Que, finalmente, o ritmo da cidade vai se alterar todo; a cidade que nunca dorme ganha toque de recolher à 1h; tudo o que é tarde passa a ser cedo. Parece pouca coisa, apenas o funcionamento dos bares, mas é um universo crucial para a pulsante vida de uma metrópole como a nossa.

ENQUANTO isso, lá no comecinho do MorumbiFashion Brasil, teve o quinto aniversário do Hell's. Ué, mas não fechou? Fechou, mas na falta de um pretexto melhor para reunir as pessoas, fazer o quê? A noite está tão desmobilizada que parece mais fácil pegar carona na véia noite do Columbia. E todo mundo foi. Estava lá a tal Nação Hell's, e vivemos momentos engraçados, com muitas fotos, brincadeiras e tal. Mas... não era o Hell's, era a U-Turn, onde os seguranças andavam a todo momento para lá e para cá; Léia Bastos não sabia onde era o bar; não dava para deitar na chapelaria; e a chapelaria é ali tão longe... O Cacá Di Guglielmo, o nosso Mr. M, acredite: deitou para tirar aquele soninho da beleza e dormiu! Na pista principal, Mau Mau alternava hits velhos e músicas novas, enquanto Pil na pistinha ambientava o lugar e dava a proximidade que todo mundo queria. Agora, diz que bons mesmos foram os chill-outs, né? Esses sim, não deixaram nada a dever aos bons tempos...

E o aniversário do Hell's serve de bom parâmetro para o aniversário de um ano do projeto Lov.e in Paradise, que veio a servir de antítese do que representava o inferninho da Estados Unidos. Apenas um ano depois, o que temos? Com o perdão da análise, temos uma noite sem personalidade. Desde a saída da Marcelona da porta; depois com a saída da Grace Lesada; com a desmobilização parcial da sala vip (todo mundo entra ali, tira o sapato, dorme), a noite nunca mais foi a mesma -e não é só por causa das duas. Aos poucos foi-se perdendo a sensação de clubinho, a certeza de encontrar as pessoas. Veja o exemplo do bar da sala vip, que fecha antes do restante do clube. Ué? Mas não é after-hours? Então tem que ficar aberto. Ainda, o line-up desse aniversário tem o DJ residente George Actv tocando apenas uma hora e meia, o mesmo que outros convidados, como Ls2 (de Brasília), Mimi e Daniel UM. E, a julgar pela semana passada, um som barulhento entrou no lugar de um groove com balanço e criatividade. Tomara que o primeiro aniversário, amanhã, seja um bom momento para retomar a simpática noite.

E tem movimento novo na noite, é o gigantesco projeto Philips Experience. E incrível se chamar Experience, tipo a rave XXXPerience (se fosse o contrário, será que poderia?) A idéia é modernizar a imagem da marca de aparelhos de som, baseada numa pesquisa que ouviu 14 mil pessoas. E eu não falei que o mercado publicitário estava prestando atenção na gente? O start do projeto é amanhã, em Campos do Jordão, numa megafesta na Target.

E, sem o mesmo tamanho, mas simpático até dizer chega, o Spice Miny da BIC já nasce hype clubber.

E sabe quem vem ao Brasil? O Green Velvet! Amigo nosso do Hell's, né?, com aquelas músicas maluconas e tão criativas. Em agosto.

E o incansável Marcão Morcerf começa nova noite de house com Pareto, desta vez no Manga Rosa, amanhã.

E eu só penso no novo disco do Moby!!! Já ouviu? Chama-se "Play" e tem faixas de transformar sua cabeça em omelete. Visionário, ouve lá. E eu só penso na música da Vernessa Mitchell, a mesma de "Reap" (lembra?), chamada "This Joy". Perfeita para dublar. Quem quiser manda um e-mail que eu mando a letra.

E a sensacional Léia Bastos trabalha na Diesel/BASE! E diz que o show novo de domingo é incrível. E, para quem mandou e-mail perguntando onde anda Katia Miranda, digo que ela está maravilhosa, linda e loura de novo, e que a filhinha dela, a Bianca, fez 3 anos outro dia e já manda na mãe!

E-mail: palomino@uol.com.br


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