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MUNICIPAL, SP, 13/9
Van Dam é artesão refinado
IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha
Impecável não chegou a ser,
mas o recital do baixo-barítono
belga José van Dam, 59, segunda-feira à noite, na série do Mozarteum Brasileiro, foi certamente
um dos mais sofisticados espetáculos musicais da temporada
paulistana de 99.
Van Dam deixou de lado malabarismos vocais da ópera para
brindar o público com 22 canções: 11 de autores alemães e 11 de
franceses. Seria redutor, contudo,
ver diferenças de caracterização
de Van Dam apenas em função
do idioma empregado nas obras;
ou entre cada compositor (ele
cantou Brahms, Richard Strauss,
Fauré, Duparc e Ravel); ou mesmo ainda de canção para canção.
Na verdade, para dar a noção
exata da caleidoscópica riqueza
da meticulosa interpretação do
cantor seria preciso analisar cada
linha de cada obra, e mostrar como as maduras escolhas de fraseado de Van Dam sempre variam em função da intenção do
texto, dos intervalos melódicos e
das progressões harmônicas.
Com um trabalho de artesão, o
belga utilizou com maestria sutis
efeitos como a "mezza voce" para
tingir as obras das mais diversas
colorações.
Isso não seria possível sem uma
técnica impecável. Clara, a dicção
permitiria que se anotasse cada linha dos textos; a emissão jamais
caiu na monotonia; e o apoio, sólido, permitia sustentar pianíssimos longos.
Houve alguns poucos problemas, mas seria mesquinho, contudo, pretender que tais pecadilhos pudessem ter comprometido
decisivamente uma apresentação
na qual os erros foram a exceção,
e, o refinamento, a regra.
Avaliação:
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