COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

Rio, 50 graus. Pelo menos dentro da Fundição Progresso anteontem, a temperatura estava bem alta. Altíssima no calor, fervendo com o Franz Ferdinand despejando hits no palco em alta velocidade, infernal na resposta do público de quase 6.000 pessoas ao quarteto de Glasgow.
Tanto que bastou duas músicas, "This Boy" e "Come on Home", que nem são tanto "os hits" da banda, para a grade de proteção que separa a platéia do palco arriar, interrompendo o show. E com a barra agora segurada no braço por seguranças da casa e alguns membros da equipe da banda, o concerto continuou. E, se a proteção divina fez com que a temerosa grade ou a arquibancada "saltitante" não viessem abaixo na hora de "Do You Want to?", o show ia sim chegar a seu final.
Alex Kapranos afirmou que havia escolhido voltar ao Brasil para que o FF encerrasse sua longa fase de viagens e shows em um estado "high". Mas por sua cara de satisfação música a música é de duvidar se a banda esperava aquele "high".
Canções novas vieram ("L Wells", "Can't Stop Feeling"), o megasucesso "Take Me Out" veio, e o espírito de Carnaval roqueiro criado no famoso show de fevereiro no grupo no Circo Voador parece ter sido resgatado, como se a banda estivesse no gás inicial de uma turnê, e não encerrando-a, depois de rodar o mundo.
O som ao vivo do Franz Ferdinand parece melhorar com o tempo. De bandinha indie em 2004 a atração principal de festivais gigantes como o Reading Festival (Inglaterra) em 2006, o grupo mostrou a noite toda que sua mistura de rock estridente, dance music sacolejante e cara de bons amigos deve levá-los a um terceiro disco consagrador. Depois de 16 músicas, a banda deixou o palco, para logo voltar ao bis e tocar mais quatro.
A penúltima da noite, "Outsiders", acabou com três integrantes da banda espancando a bateria por uns cinco minutos -o baterista em si, um quinto elemento que toca teclados em algumas músicas e um membro da equipe técnica. Em shows em festivais, o FF costuma trazer até 11 "convidados especiais" de outras bandas para engrossar "Outsiders".
E a música derradeira, para aquela noite, naquele lugar, com aquele "high", não podia ter sido mais bem escolhida. O "gran finale" do FF no Rio foi "This Fire", outro superhit, com Alex Kapranos muito à vontade no refrão "Esse fogo está tão fora de controle que eu poderia incendiar essa cidade". Hoje à noite é a vez de São Paulo arder em chamas. (LR)

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