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Crítica
Comédia muda tem um quê de insanidade
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Se o cinema levou mais de 30
anos para se livrar da mudez e
se tornar sonoro, por que voltar
ao mudo, como faz "A Festa de
Margarette" (Canal Brasil,
21h30)?
Em primeiro lugar, convém
lembrar que este não é o primeiro retorno. Ozualdo Candeias realizou pelo menos um filme inteiramente sem diálogos ("A Herança", de 1970).
Mas ele não pretendia um "retorno ao mudo": simplesmente
não tinha dinheiro para fazer
um filme falado.
Renato Falcão talvez não tivesse, também, mas o que ele
pretendeu aqui foi fazer uma
comédia muda.
Há um quê de insânia, mais
que de ousadia, nessa empreitada. É preciso passar por cima
de todo o suor (e riscos, de vida
inclusive) de comediantes como Chaplin ou Keaton.
Eram filmes sem nenhuma
ingenuidade, exceto a que fingiam ter. "A Festa", ao contrário, carrega a ingenuidade que
afeta ter. Os festivais o adoram.
Nos festivais se pensa que a comédia muda era assim.
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