São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 2006

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Crítica

Comédia muda tem um quê de insanidade

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Se o cinema levou mais de 30 anos para se livrar da mudez e se tornar sonoro, por que voltar ao mudo, como faz "A Festa de Margarette" (Canal Brasil, 21h30)?
Em primeiro lugar, convém lembrar que este não é o primeiro retorno. Ozualdo Candeias realizou pelo menos um filme inteiramente sem diálogos ("A Herança", de 1970). Mas ele não pretendia um "retorno ao mudo": simplesmente não tinha dinheiro para fazer um filme falado.
Renato Falcão talvez não tivesse, também, mas o que ele pretendeu aqui foi fazer uma comédia muda.
Há um quê de insânia, mais que de ousadia, nessa empreitada. É preciso passar por cima de todo o suor (e riscos, de vida inclusive) de comediantes como Chaplin ou Keaton.
Eram filmes sem nenhuma ingenuidade, exceto a que fingiam ter. "A Festa", ao contrário, carrega a ingenuidade que afeta ter. Os festivais o adoram. Nos festivais se pensa que a comédia muda era assim.

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