São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 2006

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Livro reúne tiras iniciais do recruta Zero

Coletânea que sai no Brasil revela curiosidades sobre personagem criado nos anos 50 por Mort Walker

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ele está há mais de 50 anos no Exército, e até hoje não conseguiu ser promovido a soldado. Mesmo assim, a maior criação do imaginativo Mort Walker faz sucesso e estrela a coletânea "Recruta Zero Ano Um", que está sendo lançada no Brasil. O livro reúne todas as tiras de Zero desde setembro de 1950, quando foi criado, até dezembro de 1951.
Além das histórias, o livro traz também curiosidades sobre os personagens. Zero, por exemplo, não é seu nome original: nos Estados Unidos, onde foi criado, ele se chama Beetle Bailey (em português, Besouro Bailey). E, coisa que poucos fãs devem saber, há um personagem que se chama Zero em suas histórias conhecido como Dentinho, no Brasil.
Ler "Ano Um" dá uma idéia do trabalho de Walker até definir o personagem como ele é hoje. Zero, quando surgiu, não era um recruta, mas um universitário. Já se mostrava preguiçoso, malandro e usava um chapéu que cobria seus olhos, mas não havia menção ao Exército.
O primeiro ano da tira foi delicado. As histórias não eram sempre engraçadas, e a recepção do público não era das melhores. A distribuidora das tiras, King Features, estudava cancelá-las. O ano era 1951, e os Estados Unidos estavam na Guerra da Coréia desde 1950.
Walker decidiu então dar outro rumo à tira e fez com que Zero se alistasse no Exército. Foi uma grande mudança. De universitário veterano que tinha uma namorada fixa (Rita ou Buba, dependendo da tradução) e só pensava em se dar bem sem ter que estudar, Zero passou a viver em um quartel e a ter outras preocupações.
Novos personagens
A maior delas era o sargento Tainha, seu superior imediato, que o acompanha já desde 1951.
Os coadjuvantes do Zero universitário foram sendo deixados de lado aos poucos, e uma nova leva surgiu: além de Tainha e Dentinho, figuras como o general Dureza, a sensual dona Tetê e o simpático Quindim.
A mudança deu certo. A tira continua na ativa ainda hoje, assim como Mort Walker, que, aos 83 anos, trabalha, com colaboradores, na produção das histórias.
Walker sempre disse que as histórias de Zero não são quadrinhos militares, mas de humor que, por acaso, acontecem em um quartel. "Recruta Zero Ano Um" mostra isso: não importa se ele está na universidade ou vestindo a farda militar, mas sim a descontração, a ironia e as ótimas tiradas visuais que Walker consegue imprimir às suas histórias.


RECRUTA ZERO ANO UM
Autor:
Mort Walker
Editora: Opera Graphica
Quanto: R$ 79, em média (160 págs.)


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