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Livro reúne tiras iniciais do recruta Zero
Coletânea que sai no Brasil revela curiosidades sobre personagem criado nos anos 50 por Mort Walker
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ele está há mais de 50 anos
no Exército, e até hoje não conseguiu ser promovido a soldado. Mesmo assim, a maior criação do imaginativo Mort Walker faz sucesso e estrela a coletânea "Recruta Zero Ano Um",
que está sendo lançada no Brasil. O livro reúne todas as tiras
de Zero desde setembro de
1950, quando foi criado, até dezembro de 1951.
Além das histórias, o livro
traz também curiosidades sobre os personagens. Zero, por
exemplo, não é seu nome original: nos Estados Unidos, onde
foi criado, ele se chama Beetle
Bailey (em português, Besouro
Bailey). E, coisa que poucos fãs
devem saber, há um personagem que se chama Zero em suas
histórias conhecido como Dentinho, no Brasil.
Ler "Ano Um" dá uma idéia
do trabalho de Walker até definir o personagem como ele é
hoje. Zero, quando surgiu, não
era um recruta, mas um universitário. Já se mostrava preguiçoso, malandro e usava um chapéu que cobria seus olhos, mas
não havia menção ao Exército.
O primeiro ano da tira foi delicado. As histórias não eram
sempre engraçadas, e a recepção do público não era das melhores. A distribuidora das tiras, King Features, estudava
cancelá-las. O ano era 1951, e os
Estados Unidos estavam na
Guerra da Coréia desde 1950.
Walker decidiu então dar outro
rumo à tira e fez com que Zero
se alistasse no Exército.
Foi uma grande mudança. De
universitário veterano que tinha uma namorada fixa (Rita
ou Buba, dependendo da tradução) e só pensava em se dar
bem sem ter que estudar, Zero
passou a viver em um quartel e
a ter outras preocupações.
Novos personagens
A maior delas era o sargento
Tainha, seu superior imediato,
que o acompanha já desde 1951.
Os coadjuvantes do Zero universitário foram sendo deixados de lado aos poucos, e uma nova leva surgiu: além de Tainha e Dentinho, figuras como o
general Dureza, a sensual dona
Tetê e o simpático Quindim.
A mudança deu certo. A tira
continua na ativa ainda hoje,
assim como Mort Walker, que,
aos 83 anos, trabalha, com colaboradores, na produção das
histórias.
Walker sempre disse que as
histórias de Zero não são quadrinhos militares, mas de humor que, por acaso, acontecem
em um quartel. "Recruta Zero
Ano Um" mostra isso: não importa se ele está na universidade ou vestindo a farda militar,
mas sim a descontração, a ironia e as ótimas tiradas visuais
que Walker consegue imprimir
às suas histórias.
RECRUTA ZERO ANO UM
Autor: Mort Walker
Editora: Opera Graphica
Quanto: R$ 79, em média (160 págs.)
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