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Editora aposta
em títulos bizarros, como "A Vida Sexual dos Papas" e "O Mundo das Múmias"
Acredite, se quiser
IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O slogan da editora pode ser "literatura de prestígio", mas seus livros estão mais para o gênero de
"Acredite, se Quiser", o antigo
programa apresentado por Jack
Palance. Basta uma olhada nos títulos lançados para entender a linha editorial da casa: "Mentes
Criminosas e Crimes Assustadores", "O Mundo das Múmias",
"As Nove Idéias Mais Malucas da
Ciência", "A Assustadora História da Maldade", "A Assustadora
História do Sexo" e "A Assustadora História da Medicina".
Esse é o novo mote da Prestígio
Editorial, que começou como um
selo paralelo da gigante Ediouro,
mas agora se especializa em
obras, digamos, diferenciadas.
Nas palavras do gerente-editorial da Prestígio e da Ediouro, Jiro
Takahashi, 54, trata-se de literatura com aspectos "bizarros, curiosos, impressionantes, assustadores". Com ênfase para esse último,
a julgar pelos títulos das obras.
O sexo também é um carro-chefe na Prestígio. Seu próximo livro,
"A Vida Sexual dos Papas", é o
primeiro de uma longa série temática escrita pelo autor inglês
Nigel Cawthorne. A coleção inclui
"A Vida Sexual dos Ditadores",
dos presidentes americanos e das
estrelas de Hollywood.
A Prestígio, então, quer livros
polêmicos? "Sim, mas polêmica
não quer dizer sensacionalismo.
Buscamos autores que não precisam ser uma unanimidade, mas
que sejam pesquisadores, cientistas ou historiadores que questionem as verdades eternas", diz Takahashi.
No caso de "Mentes Criminosas
e Crimes Assustadores", por
exemplo, o autor é um ex-investigador do FBI que analisa crimes
antigos, como o de Jack, o Estripador, à luz das técnicas criminalísticas atuais.
Sucesso
Já o jornalista inglês Nigel Cawthorne -acredite, se quiser-,
especializou-se na vida sexual dos
outros por ser republicano. "Quis
ridicularizar a monarquia e escrevi "A Vida Sexual dos Reis e Rainhas da Inglaterra". Aí não parei
mais", conta Cawthorne.
"A Vida Sexual dos Papas", que
sai agora no Brasil, é seu livro
mais popular. "Já foi traduzido
para 23 línguas, mas os lugares
onde faz mais sucesso são os países católicos", afirmou à Folha.
"O livro é para ser divertido",
diz o bem-humorado jornalista,
que apresenta assim sua obra:
"Papas não deveriam ter vida sexual. Então, esse deveria ser o menor livro do mundo. Mas não é".
O catatau tem 350 páginas.
Quanto à coleção "A Assustadora História", o médico inglês Richard Gordon pode ser considerado seu criador involuntário. Em
1993, a Ediouro já havia feito sucesso no país com sua "A Assustadora História da Medicina", que
teve várias edições.
Este ano, a Prestígio aproveitou
o título chamativo e incluiu outros: "A Assustadora História do
Sexo", do mesmo Gordon, e "A
Assustadora História da Maldade", do historiador Oliver Thomson. O próximo lançamento será
"Lições do Terror", de Caleb Carr.
Mas, para se adequar à coleção, o
título nacional será "A Assustadora História do Terrorismo".
Vendagens
Uma das características dos livros da Prestígio é a farta iconografia. Todos os livros são ilustrados com fotos, pinturas e desenhos de época. As vendagens, segundo Takahashi, estão bem acima do esperado: entre 3.000 e
5.000 cópias cada livro. "Para o
Brasil, isso é bastante", diz.
É curioso o fato de que a Prestígio Editorial nem sempre foi especializada nessa literatura diferente. O selo começou no ano
passado, como um braço da
Ediouro para os lançamentos feitos pela equipe de São Paulo.
"O que a gente editava no Rio,
saía como Ediouro. O que vinha
de São Paulo, saía como Prestígio", explica Takahashi, que responde como gerente-editorial pelas duas casas.
Assim, no ano passado, a Prestígio começou com livros como
"Guerra e Paz", de Tolstoi, e está
lançando este mês "O Príncipe",
de Maquiavel. "Faz parte do amadurecimento do selo. A partir das
próximas edições, esses livros voltam para a Ediouro. E "O Mundo
das Múmias", por exemplo, que
começou saindo pela Ediouro, vai
para a Prestígio."
Agora só falta mudar o slogan
do selo. "Estamos pensando", diz
Takahashi. "Em vez de "literatura
de prestígio", talvez algo como
"um novo olhar"." Faz sentido.
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