São Paulo, sábado, 16 de novembro de 2002

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Polêmica faz editoras disputarem Scliar

DA REPORTAGEM LOCAL

A polêmica com Yann Martel está rendendo frutos a Moacyr Scliar. Três gigantes do mercado editorial de língua inglesa, os selos Penguin, Vintage e Picador, acabam de dar início a uma disputa pelos direitos autorais de toda a sua obra.
Começa assim mais um capítulo do excêntrico episódio que envolve um prêmio literário inglês, um escritor canadense e o romancista gaúcho, de 65 anos.
No final de outubro, Yann Martel foi escolhido o vencedor deste ano do prestigiado Man Booker Prize, por sua obra "Life of Pi".
Logo em suas primeiras entrevistas para a imprensa inglesa, o escritor canadense já chamou atenção ao fato de que se inspirara em idéia de livro de Scliar -o que ele já afirmara no seu próprio romance, em nota introdutória.
Alguns jornais no Brasil começaram a falar em plágio, o "New York Times" escreveu artigo de 1.500 palavras sobre o caso e o "conflito" Scliar x Martel virou avalanche (a internet guarda análises da história feitas pelo "Hindustan Times", da Índia, por publicações coreanas, dinamarqueses e resto do mundo).
Esta semana, Scliar pôde, por fim, ler o comentado "Life of Pi". E gostou (leia texto abaixo). O colunista da Folha diz que reconheceu nele a idéia central de seu livro "Max e os Felinos", mas disse que o romance "não é um plágio".
"Ele não copiou nenhuma frase, o enfoque dele é diferente", afirma o escritor. Scliar diz que a história acabou lhe beneficiando, mas que "não gostaria que tivesse sido do jeito que foi". Seja lá como for, ele conta que ficou contente, por exemplo, em saber que o pivô da disputa, um romance seu de 1981, ganhará reedição especial da L&PM -com um apêndice no qual Scliar comenta todo o embróglio.
Anteontem, Scliar viajou aos Estados Unidos. Ele receberá do National Yidish Book Center, em Amherst, Massachusetts, um prêmio por seu "O Centauro no Jardim", de 1980. O livro foi escolhido (no ano passado, antes do "caso Martel") um dos cem melhores trabalhos literários judeus dos últimos 200 anos, em lista que inclui autores como Franz Kafka.
Na sequência, Scliar vai para a Itália, autografar o romance, que está sendo lançado por lá . (CEM)


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