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Polêmica faz editoras disputarem Scliar
DA REPORTAGEM LOCAL
A polêmica com Yann Martel
está rendendo frutos a Moacyr
Scliar. Três gigantes do mercado
editorial de língua inglesa, os selos
Penguin, Vintage e Picador, acabam de dar início a uma disputa
pelos direitos autorais de toda a
sua obra.
Começa assim mais um capítulo do excêntrico episódio que envolve um prêmio literário inglês,
um escritor canadense e o romancista gaúcho, de 65 anos.
No final de outubro, Yann Martel foi escolhido o vencedor deste
ano do prestigiado Man Booker
Prize, por sua obra "Life of Pi".
Logo em suas primeiras entrevistas para a imprensa inglesa, o
escritor canadense já chamou
atenção ao fato de que se inspirara
em idéia de livro de Scliar -o que
ele já afirmara no seu próprio romance, em nota introdutória.
Alguns jornais no Brasil começaram a falar em plágio, o "New
York Times" escreveu artigo de
1.500 palavras sobre o caso e o
"conflito" Scliar x Martel virou
avalanche (a internet guarda análises da história feitas pelo "Hindustan Times", da Índia, por publicações coreanas, dinamarqueses e resto do mundo).
Esta semana, Scliar pôde, por
fim, ler o comentado "Life of Pi".
E gostou (leia texto abaixo). O colunista da Folha diz que reconheceu nele a idéia central de seu livro
"Max e os Felinos", mas disse que
o romance "não é um plágio".
"Ele não copiou nenhuma frase,
o enfoque dele é diferente", afirma o escritor. Scliar diz que a história acabou lhe beneficiando,
mas que "não gostaria que tivesse
sido do jeito que foi". Seja lá como
for, ele conta que ficou contente,
por exemplo, em saber que o pivô
da disputa, um romance seu de
1981, ganhará reedição especial da
L&PM -com um apêndice no
qual Scliar comenta todo o embróglio.
Anteontem, Scliar viajou aos
Estados Unidos. Ele receberá do
National Yidish Book Center, em
Amherst, Massachusetts, um prêmio por seu "O Centauro no Jardim", de 1980. O livro foi escolhido (no ano passado, antes do "caso Martel") um dos cem melhores
trabalhos literários judeus dos últimos 200 anos, em lista que inclui
autores como Franz Kafka.
Na sequência, Scliar vai para a
Itália, autografar o romance, que
está sendo lançado por lá .
(CEM)
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