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CINEMA
Retrospectiva parcial no Centro Cultural São Paulo, com oito produções do diretor, começa hoje com "Filme Demência"
Obra-testamento abre ciclo de Reichenbach
JANAINA FIDALGO
DA REDAÇÃO
Não à toa, "Filme Demência",
adaptação pessoal de Carlos Reichenbach, 59, para a lenda de
Fausto, abre hoje a mostra dedicada a ele no Centro Cultural São
Paulo -a retrospectiva marca a
inauguração do sistema dolby digital da sala Lima Barreto.
"Filho preferido" do cineasta, o
longa-metragem de 1986 é seu
"acerto de contas" com o pai,
morto quando ele tinha 13 anos.
"Filme Demência" é meu testamento. Está tudo lá. Para me conhecer, o assista."
Apesar de considerá-lo seu melhor filme e o mais representativo,
Reichenbach diz ter sido a produção mais complicada. Durante as
filmagens houve três paradas por
falta de dinheiro e, da equipe inicial de 40 pessoas, sobraram 12.
Anagrama de filme de cinema,
"Filme Demência" aborda o mito
de Faetonte, filho de Apolo que
perdeu o "carro de fogo" herdado
do pai. Coincidências à parte, Reichenbach, filho de um industrial
gráfico, viu sua família perder todos os bens.
"Ironicamente, conta a história
do herdeiro de uma fábrica de cigarro que vai à falência", diz.
Retrospectiva parcial
"O Cinema de Carlos Reichenbach" mescla os antigos "Esta Rua
Tão Augusta" (1966/68), seu primeiro curta, e "Extremos do Prazer" (1984) a filmes mais novos,
como "Garotas do ABC" (2003).
Poucas vezes exibido, "Extremos do Prazer" marca a saída do
cineasta da Boca do Lixo.
"Tenho a impressão de que esta
é única cópia, é uma que foi para
Europa. Brinco que deixava "Liliam M." debaixo da minha cama,
porque o produzi sozinho. É um
dos meus preferidos. Era audacioso para época", lembra o diretor.
Ressaltando o fato de a mostra
ser parcial e ter sido programada
a toque de caixa, Reichenbach diz
que para organizar uma completa
é preciso conseguir cópias sem
cortes, com boa qualidade, e a autorização dos produtores.
"Esta não é integral, é com alguns dos filmes essenciais. Para
fazer uma integral, teríamos de
reunir todos, em especial "Amor,
Palavra Prostituta". Não existe cópia integral dele em 35 mm. Só na
Cinemateca da Bélgica, onde foi
premiado", afirma o diretor.
Outro filme indispensável na
opinião do cineasta, não exibido
desta vez, é o curta sobre contracultura "Sangue Corsário".
"Mostra é mostra, tem que ver o
máximo possível. Eu sou infartado. Depois que isso acontece, você fica preocupado em não perder
tempo. Fica para o futuro, para
quem for recuperar meu trabalho.
Estou centrando esforços nos filmes que tenho chance de fazer."
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