São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

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POLÍTICA CULTURAL

Emanoel Araujo apoiou Marta Suplicy no segundo turno da eleição e quer dar seguimento à gestão petista

Novo secretário deve focar em inclusão social

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A periferia será a prioridade do novo secretário municipal de Cultura, o curador e artista plástico Emanoel Araujo.
"É preciso olhar para a periferia, pensar em inclusão social, é algo que o [José] Serra quer fazer", disse Araujo à Folha, anteontem.
Entretanto, não há ainda um projeto definido para a pasta: "Preciso conversar mais com ele [Serra] e fazer um projeto, não um projeto cartesiano, escrito, mas que tenha corpo e alma, como foi minha experiência na Pinacoteca do Estado".
Indicado na última terça para o cargo, Araujo, que apoiou Marta Suplicy no segundo turno da eleição municipal, pretende dar seguimento à gestão petista. "Celso Frateschi foi um bom secretário. Aceitei até para dar continuidade à gestão dele", afirmou.
Criador do Museu Afro-Brasil na gestão Marta, inaugurado há dois meses, e em conflito com a secretária estadual da Cultura, Cláudia Costin, que suspendeu o Museu do Imaginário do Povo Brasileiro, concebido e dirigido por Araujo, o novo secretário não só elogia a gestão de Celso Frateschi, atual secretário municipal de Cultura, como pretende utilizar os CEUs para atividades de sua pasta. "Acho o projeto interessante, sei que houve exposições lá, sobre a cultura local, do bairro, mas também podemos pensar em realizar itinerâncias de outras exposições", disse.
Os CEUs já estão gerando polêmica no novo governo. Anteontem, o deputado federal José Aristodemo Pinotti (PFL), novo secretário municipal de Educação, anunciou que irá suspender a construção de novos CEUs, contrariando as promessas de campanha de Serra.
Araujo não tem nomes definidos para as principais instituições na cidade, como o Teatro Municipal: "Vou ver isso com o prefeito, tudo depende de recursos. Temos que pensar numa pessoa competente, afinal é uma instituição emblemática, como a Biblioteca Municipal e o Centro Cultural São Paulo. O prefeito acha que será um ano difícil, mas ele também tem interesse em acompanhar de perto essas instituições".
O novo secretário pretende reforçar a atuação de sua pasta no centro da capital: "Precisamos pensar no centro da cidade como um quadrilátero que possibilite resgatar a auto-estima da população de São Paulo".

Unanimidade
Araujo é praticamente uma unanimidade em sua área. Tanto a prefeita Marta Suplicy como o governador Geraldo Alckmin chegaram a convidá-lo para assumir a pasta da Cultura, e Gilberto Gil, ministro da Cultura, convidou-o para cuidar da Secretaria Nacional de Museus, convites sempre negados.
Seu nome chegou a ser indicado por uma lista de intelectuais como solução para os impasses do Museu de Arte de São Paulo (Masp), aprofundados neste ano, e Milú Villela consultou-o após a crise da saída de Ivo Mesquita, em 2002, da direção do Museu de Arte Moderna (MAM).
Com uma administração elogiada na Pinacoteca do Estado (1992-2002), "sua gestão foi magnífica", diz Teixeira Coelho, ex-presidente do Museu de Arte Contemporânea.
Emanoel gera esperanças para os museus da cidade. "Sabendo de onde ele é, as pessoas da área vão ficar esperançosas na área dos museus, como é o caso do Masp, que recebe dinheiro do município, e dos demais museus, sem apoio federal, estadual, municipal. Se ele tiver uma boa atuação nesse sentido, já terá valido seu posto", afirma Coelho.
Um dos desafios que Araujo vai enfrentar é a destinação de dois prédios no parque Ibirapuera, como a Oca, cedida à BrasilConnects, e o pavilhão atualmente utilizado pela Prodam, disputado pelo Instituto Moreira Salles e pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo. Apesar de o parque ser administrado pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, esta é uma decisão pertinente à área da Cultura.
"Essa é uma questão de governo, que vai além da minha secretaria. Há várias instituições que pleiteiam a Oca e, se ela for devolvida, talvez o melhor seria fazer um plebiscito para decidir", diz Araujo. "É isso que esperamos dele", diz Coelho.


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