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POLÍTICA CULTURAL
Emanoel Araujo apoiou Marta Suplicy no segundo turno da eleição e quer dar seguimento à gestão petista
Novo secretário deve focar em inclusão social
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A periferia será a prioridade do
novo secretário municipal de Cultura, o curador e artista plástico
Emanoel Araujo.
"É preciso olhar para a periferia,
pensar em inclusão social, é algo
que o [José] Serra quer fazer", disse Araujo à Folha, anteontem.
Entretanto, não há ainda um
projeto definido para a pasta:
"Preciso conversar mais com ele
[Serra] e fazer um projeto, não
um projeto cartesiano, escrito,
mas que tenha corpo e alma, como foi minha experiência na Pinacoteca do Estado".
Indicado na última terça para o
cargo, Araujo, que apoiou Marta
Suplicy no segundo turno da eleição municipal, pretende dar seguimento à gestão petista. "Celso
Frateschi foi um bom secretário.
Aceitei até para dar continuidade
à gestão dele", afirmou.
Criador do Museu Afro-Brasil
na gestão Marta, inaugurado há
dois meses, e em conflito com a
secretária estadual da Cultura,
Cláudia Costin, que suspendeu o
Museu do Imaginário do Povo
Brasileiro, concebido e dirigido
por Araujo, o novo secretário não
só elogia a gestão de Celso Frateschi, atual secretário municipal de
Cultura, como pretende utilizar
os CEUs para atividades de sua
pasta. "Acho o projeto interessante, sei que houve exposições lá, sobre a cultura local, do bairro, mas
também podemos pensar em realizar itinerâncias de outras exposições", disse.
Os CEUs já estão gerando polêmica no novo governo. Anteontem, o deputado federal José Aristodemo Pinotti (PFL), novo secretário municipal de Educação,
anunciou que irá suspender a
construção de novos CEUs, contrariando as promessas de campanha de Serra.
Araujo não tem nomes definidos para as principais instituições
na cidade, como o Teatro Municipal: "Vou ver isso com o prefeito,
tudo depende de recursos. Temos
que pensar numa pessoa competente, afinal é uma instituição emblemática, como a Biblioteca Municipal e o Centro Cultural São
Paulo. O prefeito acha que será
um ano difícil, mas ele também
tem interesse em acompanhar de
perto essas instituições".
O novo secretário pretende reforçar a atuação de sua pasta no
centro da capital: "Precisamos
pensar no centro da cidade como
um quadrilátero que possibilite
resgatar a auto-estima da população de São Paulo".
Unanimidade
Araujo é praticamente uma
unanimidade em sua área. Tanto
a prefeita Marta Suplicy como o
governador Geraldo Alckmin
chegaram a convidá-lo para assumir a pasta da Cultura, e Gilberto
Gil, ministro da Cultura, convidou-o para cuidar da Secretaria
Nacional de Museus, convites
sempre negados.
Seu nome chegou a ser indicado
por uma lista de intelectuais como
solução para os impasses do Museu de Arte de São Paulo (Masp),
aprofundados neste ano, e Milú
Villela consultou-o após a crise da
saída de Ivo Mesquita, em 2002,
da direção do Museu de Arte Moderna (MAM).
Com uma administração elogiada na Pinacoteca do Estado
(1992-2002), "sua gestão foi magnífica", diz Teixeira Coelho, ex-presidente do Museu de Arte
Contemporânea.
Emanoel gera esperanças para
os museus da cidade. "Sabendo
de onde ele é, as pessoas da área
vão ficar esperançosas na área dos
museus, como é o caso do Masp,
que recebe dinheiro do município, e dos demais museus, sem
apoio federal, estadual, municipal. Se ele tiver uma boa atuação
nesse sentido, já terá valido seu
posto", afirma Coelho.
Um dos desafios que Araujo vai
enfrentar é a destinação de dois
prédios no parque Ibirapuera, como a Oca, cedida à BrasilConnects, e o pavilhão atualmente utilizado pela Prodam, disputado
pelo Instituto Moreira Salles e pelo Museu de Arte Moderna de São
Paulo. Apesar de o parque ser administrado pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, esta é uma decisão pertinente à área da Cultura.
"Essa é uma questão de governo, que vai além da minha secretaria. Há várias instituições que
pleiteiam a Oca e, se ela for devolvida, talvez o melhor seria fazer
um plebiscito para decidir", diz
Araujo. "É isso que esperamos dele", diz Coelho.
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