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Joaquim Pedro tem ciclo de primeira no MIS
especial para a Folha
Cinemanovista, romântico, alegórico são vários os qualificativos
que indicam Joaquim Pedro de
Andrade, diretor difícil de se enquadrar nas padronizações dos
guias de cinema.
Seus filmes arrebanhavam público mais amplo que o de seus
colegas cinemanovistas, pendendo da narrativa clássica ao experimentalismo engajado dos 60.
Nada mal para uma homenagem. Tanto que o MIS apresenta,
a partir de hoje, uma mostra que
só peca em não exibir sua obra-prima "Couro de Gato" (61). No
resto, acerta ao dar chance de se
assistir a cópias novas, escoradas
no deslumbre visual e cromático
do cineasta, morto em 1988.
Melhor exemplo está em seu filme mais conhecido, "Macunaíma" (69) -exibido hoje com a
presença da filha do cineasta, Alice de Andrade-, uma adaptação
da obra de Mário de Andrade que
soube dialogar com os movimentos tropicalista e antropofágico.
Já o diálogo em "O Padre e a
Moça" (65) apologiza o fim da repressão, nos amores entre um jovem padre e uma bela aparentemente virginal.
Joaquim Pedro pegou um ídolo
de seu tempo para mostrar os
abusos políticos em "Garrincha,
Alegria do Povo" (63), documentário escrito por Luis Carlos Barreto e Armando Nogueira.
Mas a maior das transgressões
foi fazer da sacralizada Inconfidência Mineira uma alegoria da
revolução impossível no Brasil de
72, vitimado pelo governo Médici,
em "Os Inconfidentes".
Ou até sucumbir o típico machão das pornochanchadas às dúvidas quanto à sua sexualidade,
em "Guerra Conjugal" (75).
No último filme, "O Homem do
Pau-Brasil" (81), Joaquim Pedro
ainda saberia mostrar o descaminho do projeto ideológico brasileiro.
(PAULO SANTOS LIMA)
Mostra: Joaquim Pedro de Andrade
Quando: de hoje a 20/2
Onde: MIS (av. Europa, 158, tel. 0/xx/
852-9197)
Quanto: entrada franca
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