JOSIMAR MELO
Colunista da Folha

Muitas coisas surpreendem o visitante do restaurante Verissimo, inaugurado em outubro. De todas, talvez a de maior interesse é o fato de que sua cozinha sofisticada (embora longe de ser impecável) tem preços bem razoáveis, até baratos para seu padrão.
O padrão é o de um restaurante refinado e bonito. Fica no antigo hotel Firenze, atual Pergamon, a meio caminho entre a Paulista e o centro. Restaurado, ele tem uma decoração sóbria e elegante.
No restaurante, outra novidade: uma pequena biblioteca. São livros antigos, escolhidos pelo livreiro Pedro Corrêa do Lago, reunindo belos clássicos da literatura brasileira (afinal, o nome do restaurante é derivado do escritor gaúcho Érico Verissimo) e universal.
Compondo com a ambição do ambiente, o cardápio é curto, mas com laivos de criação (nem todos bem sucedidos) de autoria de Laurent Suaudeau, consultor de mais esse restaurante. O chef de cozinha é o francês Gerárd Jehanno, 45. Nascido em Paris, mas vivendo há muito no Brasil, ele foi chef do extinto Le Bistingo.
Entre os pratos, há problemas como os fundos de alcachofra mal torneados (restando partes duras) cobertos por siri e gratinados com um queijo indigesto; a idéia infeliz de combinar tapenade (purê de azeitonas e azeite) com salmão e molho de laranja; e o crème brûlée açucarado demais.
Em compensação, há o folhado de camarões com o sempre interessante molho de azedinha; o robalo com molho suave de mostarda; clássicos como o filé com pimenta verde e coq au vin (feito com galinha-d'angola); e até mesmo o sorvete de queijo branco que, embora congelado, acompanhava bem a pêra ao vinho tinto. Entre altos e baixos, de qualidade e preço, sobressaem-se os méritos, por ora.

Cotação: $$ Avaliação:  

$ (até R$ 22); $$ (R$ 22,01 a R$ 42); $$$ (de R$ 42,01 a R$ 62); $$$$ (acima de R$ 62). Avaliação: excelente    ; ótimo   ; bom  ; regular (sem estrela); ruim