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Após o filme, acusado voltou a ser preso
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
Um alento para quem, ao
final do filme, se indignar
com a absolvição de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida,
acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Dorothy: na semana passada,
seu segundo julgamento foi
anulado, e ele está preso.
Mesmo que temporariamente, até um novo júri, trata-se de algo incomum no
Pará. Ele é o único acusado
de mandar matar alguém em
razão de conflito fundiário
que está atrás das grades, levando em conta mais de 800
crimes similares no Estado.
Regivaldo Pereira Galvão, o
Taradão, que também responde pelo mando, aguarda
o julgamento em liberdade.
Outros fazendeiros da região seguem impunes. Jamais implicados no crime,
muitos dos "poderosos" que
os entrevistados acreditam
estar por trás do assassinato
não são conhecidos pelo público. Isso porque o filme não
se esforça em explorar o propalado consórcio para eliminar a missionária.
Não procura nem sequer
fazendeiros citados, mesmo
que para rebater acusações.
Délio Fernandes, por exemplo: Bida esteve em sua fazenda em Anapu após o crime para fazer um telefonema. No ano passado, Fernandes foi eleito vice-prefeito da
cidade onde a freira foi morta. Nada disso é mencionado.
O madeireiro Luiz Ungaratti, outro citado em depoimento de Bida, também é
desconhecido dos espectadores. Foi chamado para depor até na CPI da Terra, mas
não aparece no filme.
Também não há nenhum
delegado da Polícia Civil ou
da Polícia Federal para explicar o porquê de tanta gente
jurar que há mais envolvidos
e as investigações não terem
avançado nesse sentido.
O principal mérito do documentário é deixar claro
que as reviravoltas do caso
são, em grande parte, fruto
de estratégia dos advogados
de defesa. Os pistoleiros e o
intermediário, intimidados,
mudam seus depoimentos
de um dia para o outro para
tentar safar os outros dois
acusados.
O filme mostra as controversas táticas dos advogados
de desqualificar o júri. Não à
toa, um vídeo usado pela defesa de Bida -no qual o intermediário, já preso, o isenta de culpa- acabou sendo o
grande responsável pela
anulação do julgamento na
semana passada. Feito sem
autorização da Justiça, foi
considerado prova ilegal.
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