São Paulo, segunda-feira, 17 de maio de 2004

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Produções obtêm sucesso comercial em seu país

DO "LE MONDE"

O cinema de arte sul-coreano muitas vezes não se fez entender bem, no seio de uma indústria que, enervada pelo sucesso conquistado, pensa antes de tudo nos números de audiência. Hong Sang-soo e Kim Ki-duk, dois diretores sul-coreanos que se tornaram revelação nos grandes festivais internacionais, estão entre os profissionais que conseguiram obter uma margem considerável de liberdade artística sem perder a viabilidade comercial, abrindo um caminho ainda pouco explorado na Coréia do Sul.
Filmados com orçamentos relativamente baixos, seus mais recentes filmes conseguiram distribuição consideravelmente mais ampla. "Samaria" vendeu 180 mil ingressos (abaixo do resultado de "Bad Guy", o recorde de Kim Ki-duk, com 750 mil espectadores), enquanto o filme de Hong Sang-soo estreou com 140 cópias, mais que qualquer de seus quatro trabalhos precedentes.
Ao deixar sua marca, um por filmes chocantes que causam desconforto e cujos personagens se debatem diante de suas pulsões mais primitivas, e o outro por construções muito elaboradas onde os protagonistas são conduzidos pela introspecção e pelo intelecto, os dois conseguiram, cada qual à sua maneira, e em meio a uma sociedade em plena modernização, conquistar um público muito simpático à experimentação.
Se outros diretores de filmes difíceis de classificar e audaciosos encontram dificuldades para levar suas obras aos cinemas, o atual frenesi produtivo que marca o cinema sul-coreano não impede a produção de filmes originais, com estilos próprios de direção e capazes de encontrar um público.
É o caso dos trabalhos de Lee Chang-dong ("Oasis"), como também o de "Old Boy", de Park Chan-wook, que concorre em Cannes neste ano e já atraiu 3 milhões de espectadores na Coréia, e o de "Memories of Murder", de Bong Joon-ho (5 milhões de espectadores), premiado em Deauville.


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