São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 2006

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Thriller argentino revê a ditadura

FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES

Nem é mais um exercício original esse de voltar às tragédias históricas embaralhando personagens e trazendo nuances para heróis e delatores. Mas o mérito de "Crónica de una Fuga" é buscar esse eixo como o único caminho de fazer um bom thriller.
Estamos em 1977. Há um grupo de jovens rapazes numa prisão clandestina da ditadura argentina. O diretor Adrián Caetano não faz redundância em explicações históricas e ideológicas.
O cineasta conduz o espectador em um microcosmo de um sistema de confinamento e tortura e seus jogos de conivência/sobrevivência. Então guerrilheiros de esquerda também entregavam gente à ditadura militar? Não seus companheiros, mas qualquer conhecido para gastar tempo dos torturadores, enquanto se prepara a revolução?
Talvez isso fique mais evidente no filme porque é ainda um terreno pouco visitado na revisão histórica do período -o que ficou claro em março passado, um mês inteiro de cerimônias na Argentina pelos 30 anos do golpe.
É por esse choque entre fim do túnel moral e utopia, mas principalmente pelo esmero técnico da direção, que assisti-lo é ter náusea e tensão constantes. O único alívio é saber que a sorte e o engenho vão soprar na direção dos prisioneiros.


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