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Thriller argentino revê a ditadura
FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES
Nem é mais um exercício original esse de voltar às tragédias históricas embaralhando personagens e trazendo nuances para heróis e delatores. Mas o mérito de
"Crónica de una Fuga" é buscar
esse eixo como o único caminho
de fazer um bom thriller.
Estamos em 1977. Há um grupo
de jovens rapazes numa prisão
clandestina da ditadura argentina. O diretor Adrián Caetano não
faz redundância em explicações
históricas e ideológicas.
O cineasta conduz o espectador
em um microcosmo de um sistema de confinamento e tortura e
seus jogos de conivência/sobrevivência. Então guerrilheiros de esquerda também entregavam gente à ditadura militar? Não seus
companheiros, mas qualquer conhecido para gastar tempo dos
torturadores, enquanto se prepara a revolução?
Talvez isso fique mais evidente
no filme porque é ainda um terreno pouco visitado na revisão histórica do período -o que ficou
claro em março passado, um mês
inteiro de cerimônias na Argentina pelos 30 anos do golpe.
É por esse choque entre fim do
túnel moral e utopia, mas principalmente pelo esmero técnico da
direção, que assisti-lo é ter náusea
e tensão constantes. O único alívio é saber que a sorte e o engenho
vão soprar na direção dos prisioneiros.
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