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CRÍTICA
Bom, mas não o suficiente
DA REDAÇÃO
A mais recorrente crítica que
"Summer Sun" recebeu de
jornais e revistas estrangeiros foi
mais ou menos assim: "Não é um
disco ruim, mas o Yo la Tengo poderia ter feito algo melhor". Certo.
E um pouco errado.
Está certo porque "Summer
Sun", o décimo álbum do grupo
-se não levarmos em conta "The
Sounds of the Sounds of Science"
(2002), trilha sonora instrumental
de um filme francês-, com toda
a aflição e desespero que desperta
com suas letras, não passa de um
disco esquecível. É o típico álbum
bom, mas não bom o suficiente.
"Summer Sun" segue por um
caminho aberto pelo grupo em
"And Then Nothing Turned Itself
Inside-Out", de 2000: aponta para
o folk, com linhas melódicas mais
afeitas ao jazz. É um álbum mais
tranquilo, mas também mais banal do que aquilo que o grupo está
acostumado a fazer.
Três canções escapam dessa banalidade. "Little Eyes", das poucas em que a guitarra dá o rumo à
música, cantada docemente por
Ira Kaplan e Georgia Hubley; a
belleandsebastiana "How to Make a Baby Elephant Float", serena,
sólida, quase acústica; e "Season
of the Shark", o mais pop que o
Yo la Tengo consegue chegar.
São três canções de um total de
13. O restante é apenas auto-indulgência, como a instrumental
"Georgia vs. Yo la Tengo" ou
"Let's Be Still", em que a banda
tortura o ouvinte com uma espécie de jam de dez minutos.
É pouco, principalmente para
uma banda que já produziu álbuns como o essencial "I Can
Hear the Heart Beating as One",
de 97. O que nos leva a acreditar
que o Yo la Tengo provavelmente
não "poderia ter feito algo melhor". A impressão que fica é a de
que "Summer Sun" é exatamente
o que o grupo consegue produzir,
um grupo que já está por aí há
duas décadas e que, talvez, já tenha aproveitado seus melhores
anos de vida.
(THIAGO NEY)
Summer Sun
Artista: Yo la Tengo
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 27, em média
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