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São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2003
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ARTES PLÁSTICAS Portinari antes de PORTINARI
ALEXANDRA MORAES DA REDAÇÃO Uma homenagem, não uma retrospectiva. É como o crítico de arte Tadeu Chiarelli delineia a mostra "Portinari Cem Anos: Alegorias do Brasil", da qual é curador. Com esse princípio, Chiarelli buscou obras produzidas num curto e importante período da produção de Candido Portinari, entre os anos 30 e 40, e se concentrou na representação das mulheres, da alegoria da terra, em vez de dar lugar aos trabalhadores, homens, mais comumente associados à obra do pintor paulista. "Em geral, as pessoas adoram ou detestam o trabalho de Portinari, mas pouca gente vê a elaboração formal que há nas obras", aponta o curador. "Foi pego um período curto para que o público possa perceber as mudanças pelas quais ele passou. E um tema só, como o das mulheres, facilita esse entendimento", explica Chiarelli. O crítico diz crer que boa parte da rejeição e da incompreensão da obra do artista partam de um preconceito, da prioridade que se dá à ligação de Portinari ao governo Vargas em detrimento da obra em si. "É preciso escapar dessa visão pequena, do "sociologês", do preconceito de uma elite que impede a interpretação da obra." Pesquisador de Portinari, Chiarelli elabora a exposição como um estudo minucioso e fluido da obra do pintor. "Mas é um estudo que eu compartilho com o espectador", afirma. Para ratificar o compartilhamento, foram escolhidas obras pontuais e raras. "Baianinha" (1936) e "Figura" (40) nunca foram expostas em museus. Também é a primeira vez que uma instituição mostra "Colona" (37), desenho definitivo em papel craft para os afrescos do prédio do Ministério da Educação. "Negrinha" (30-35) apareceu pela última vez em público em 1978, e "Mulatinha de Laço Vermelho" (43), no ano de sua produção. "Mulher Chorando" (45) teve sua última aparição pública em 1946, em Paris, e só recentemente foi catalogada pelo Projeto Portinari. PORTINARI CEM ANOS - ALEGORIAS DO BRASIL. Quando: abertura para convidados hoje, às 19h30; ter., qua. e sex., das 12h às 18h; qui., das 12h às 22h; sáb. e dom., das 10h às 18h. Onde: MAM (parque Ibirapuera, portão 3, SP, tel. 0/ xx/11/ 5549-9688). Quanto: R$ 5 (grátis às quintas, após as 17h, e às terças). Patrocinador: Telefônica. Texto Anterior: Contardo Calligaris: Vidas em quadrinhos Próximo Texto: Crítica: Elogio prevalece sobre rigor em obra sobre o artista Índice |
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