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"Coringa representa medo da anarquia e do caos"
Diretor diz que paralelo com mundo real foi inconsciente
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES
Na última cena de "Batman
Begins", o tenente Gordon diz a
Batman que suas ações iriam
gerar reações em escalada.
"Você veste uma máscara e
sai pulando pelos telhados...
Veja esse sujeito, tem uma queda pelo teatral, como você. Deixou uma carta de assinatura",
diz o policial, mostrando o coringa do baralho.
Esse é o ponto de partida para a trama de "Batman - O Cavaleiro das Trevas", que estréia
amanhã no Brasil, com 500 cópias (292 legendadas, 208 dubladas) em 520 salas (cerca de
um quarto do total do país).
"Essa cidade precisa de uma
classe melhor de criminosos, e
eu vou dar a ela", diz o já lendário Coringa de Heath Ledger.
Mais do que um caso de ação e
reação, o vilão e o homem-morcego são complementares.
"Ele é a resposta lógica ao
Batman, que instigou esse tipo
de comportamento extremo
em Gotham", disse o diretor
Christopher Nolan em uma
mesa-redonda de jornalistas,
da qual a Folha participou.
Nesta segunda parte do que
deve ser uma trilogia, Nolan
criou um sombrio épico criminal, que tem sido comparado a
seqüências clássicas como "O
Poderoso Chefão 2" e "O Império Contra-Ataca".
"Procurei não fazer conscientemente um paralelo com
o mundo real; o filme é ficção e
deve funcionar assim. Mas é
possível notar nele uma prevalência do medo da anarquia e
do caos, representados pelo
Coringa, que acho que são medos atuais", disse o diretor.
Nolan ressalta a importância
que dá ao realismo da história,
não só em termos de filmagem
-usando poucos efeitos especiais- mas também na composição dos personagens. "O que
me interessa é a qualidade
sombria do Batman como herói. Ele é movido por impulsos
muito negativos, tem uma psique que tenta controlar."
Christian Bale diz que foi essa profundidade que o atraiu
no personagem. "Ele é bem humano, não tem superpoderes,
tem conflitos internos. É altruísta, mas também é tentado
pela violência, pela vingança."
Os personagens principais
do primeiro filme estão de volta (com Maggie Gyllenhaal no
lugar de Katie Holmes como
Rachel Dawes). Entre as novidades, o diretor tenta destacar
o promotor Harvey Dent, o
Duas Caras (Aaron Eckhart).
"O Coringa é o vilão mais espalhafatoso, mas Harvey é um
personagem mais convincente,
tem uma história completa."
De fato, a narrativa de Dent é
mais completa, mas a atuação
de Ledger e sua morte por
overdose acidental de remédios, em janeiro, colocaram todo o foco em seu Coringa.
O jornalista MARCO AURÉLIO CANÔNICO viajou a convite da Warner Bros.
NA INTERNET
folha.com.br/ilustradanocinema
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