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MÚSICA
Max de Castro atua na produção do CD "Amor pra Recomeçar"
Frejat deixa Barão na reserva e se lança solo
DA REPORTAGEM LOCAL
O Barão Vermelho acabou ou
não? Ao lançar seu primeiro álbum solo em 20 anos de carreira,
o vocalista e guitarrista Frejat, 39,
diz que não acabou, mas não consegue dissipar a dúvida no ar.
Primeiro, ele diz que não vai fazer como outros membros de sua
geração pop-rock, que quando se
aventuraram por discos solo o fizeram discretamente, sem sobrepujar a história dos grupos.
"A maioria dos que gravaram
solo fizeram como descarrego de
material, dando uma pausa no
dia-a-dia com a banda. O meu é
diferente, eu estou instalando
uma carreira solo, que será minha
prioridade a partir de agora", diz.
O Barão está na reserva, então?
"O Barão vai acontecer de tempos
em tempos a partir de agora. Tenho uma maneira própria de
compor, preciso ter controle total
disso", afirma, referindo-se indiretamente a atritos com outro
compositor da banda, Guto Goffi.
"Quando entrei para o Barão
Vermelho, com Cazuza como líder, nunca me imaginei onde estou hoje. Mas quero mais é botar
minha cara na rua, quero que me
vejam tocando com outras pessoas, inclusive com pessoas mais
jovens, como Max de Castro e
Tom Capone, que atuaram na
produção do disco. Mas isso não
quer dizer que daqui a quatro
anos eu não faça um disco e saia
em turnê com o Barão", amacia.
Sua nova posição não deixaria a
velha banda sem chão? "Tudo foi
colocado claramente para o grupo. O Barão não está sem chão,
porque ele está suspenso. Todos
temos potencial e vigor físico para
criar novas condições. Ficar como
estava poderia ser a sentença de
morte, a gente ia cair no clichê do
grupo de rock que se esgota. O
Barão se desgarrou do contemporâneo, não tem mais essa obrigação", crava.
Alguma possibilidade de comparação com uma banda-referência para o Barão, Rolling Stones?
"Os Stones estão fazendo discos
horrorosos. É diferente, porque a
carreira de Mick Jagger já estava
destruída quando ele lançou um
disco solo. Não deu certo, ninguém sai dos Stones para ser
George Michael. Aprendi muito
observando os Stones."
Não escapa de certo pragmatismo em relação a sua tentativa solo: "Vai ser assim enquanto meu
projeto particular der certo. Se
não der, estarei nas mesmas condições dos outros integrantes".
Frejat fala da preocupação com
contemporaneidade, que acredita
não pertencer mais ao Barão. "Tenho mais vinculação contemporânea que o grupo. Nós todos juntos somos uma coisa, que acaba
sendo eternamente jovem e jovial.
Estou sendo contemporâneo,
usando texturas atuais, mas sem a
preocupação de ser "up to date",
de integrar imediatamente a última novidade da esquininha de
Londres. Essa é uma pretensão esnobe de elite cultural que não me
permito", diz o co-autor, há três
anos, do controverso CD de pop
eletrônico "Puro Êxtase".
Continua: "Meu filtro de quase
40 anos de idade existe o tempo
todo, senão eu daria margem ao
conflito de geração. Adoro Planet
Hemp, que é algo muito novo em
atitude e sonoridade. Coincidentemente, é a banda mais perseguida, mais massacrada pelos fascistas que estão aí. Minha geração
precisa se manifestar contra isso,
precisa se posicionar".
Fala da participação ainda discreta dos "mais novos" em seu
trabalho (faixas produzidas por
Max de Castro e Apollo 9 ficaram
de fora do CD): "Meu universo
principal é de pop-rock. Achei
importante deixar o soul como
um sabor, uma porta aberta. Meu
disco não veio para reestruturar e
refazer, mas para esclarecer onde
estou hoje", fecha.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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