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COMIDA
Tapas chinesas
Bocados chineses cozidos no vapor, fritos ou assados e servidos em pequenas porções ganham casa
especializada em São Paulo
JANAINA FIDALGO
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES
Quando a densa nuvem de
vapor se abre, avistam-se altas
pilhas de cestas de bambu sobre um grande banho-maria. À
caminho da mesa, deixam um
rastro de aromas que denunciam quão grande e variado
é o apetite do cliente.
Em cada cestinha daquelas
(steamers) há um tipo diferente de dim sum, bocados chineses servidos em pequenas porções, à semelhança das tapas
espanholas. E para vivenciar a
experiência do dim sum não há
acompanhamento melhor do
que um chá (leia à direita).
Um representante desse modo de comer chinês, difundido
mundo afora, abre hoje em São
Paulo. Trata-se do Ping Pong,
primeira filial instalada fora de
Londres de uma rede inglesa de
restaurantes. Lá, as 12 lojas
vendem, diariamente, cerca de
30 mil unidades de dim sum.
Com ares modernosos e clima completamente diferente
dos restaurantes chineses existentes hoje na cidade, o Ping
Pong chega ao país pelas mãos
de quatro sócios brasileiros
liderados pelo empresário Ricardo Rinkevicius, 44.
"São Paulo é uma cidade
aberta a novos conceitos. Veja a
quantidade de casas diferentes
que vimos abrir nos últimos
anos e que deram certo", diz
Rinkevicius, referindo-se à onda de restaurantes de sushi, de
temaki, de kebab e de ceviche.
Com um cardápio amplo, que
contempla várias "famílias" de
dim sum, além de uma carta de
chás (quentes e frios) e de coquetéis (alcoólicos ou não), a
casa tem gasto médio por pessoa estimado em R$ 40 no almoço e R$ 60 no jantar.
Nos chineses da Liberdade,
como o Rong He, a variedade é
menor e as porções, maiores.
Em geral, vêm oito peças por
cesta. Vale provar um saboroso,
que mistura arroz e carne.
As "famílias" de dim sum
"Dim sum é o termo genérico
para todas as preparações desse gênero, em que uma massa
de farinha de trigo ou de arroz é
recheada com diferentes ingredientes. Não se refere a um tipo
só, mas ao tamanho das porções e à forma como é servido",
explica o chef Thompson Lee,
40, filho de chineses. "O dim
sum chega à mesa em pequenas
porções e pode ser cozido no
vapor, assado ou frito."
De sabor mais suave e estrutura delicada, há o dumpling,
como é chamado o dim sum fechado e cozido no vapor em um
steamer. A versão aberta na
parte superior e igualmente
preparada no vapor é o shumai.
Bun é o termo usado para um
pãozinho feito com massa fermentada de farinha de trigo e
"assado" no vapor. O wonton
tem massa finíssima (formato
que lembra um cappelletti) e
pode tanto ser frito quando cozido em sopas. E há ainda um
velho conhecido dos brasileiros, o rolinho primavera (ou
tsun tien), em que uma massa
fina é recheada com legumes e
carne e frita por imersão.
Cada uma dessas "famílias"
de dim sum tem uma gama de
recheios que podem ser únicos
(camarão, porco, frango, cogumelos e legumes) ou trazer diferentes proteínas numa mesma mordida -hábito chinês
nada comum entre os brasileiros, mas que vale ser testado.
"Na China, é bem comum essa mistura de proteínas", diz
Lee, professor da Univale-SC.
Nessa linha, há o pork shu
mai, em que se mistura carne
suína a camarão, ou o seafood
dumpling, com siri, camarão e
vieira em pasta de cenoura.
O aspecto mais interessante
na experiência do dim sum (algo como "tocar o coração") é a
possibilidade de provar, em
uma mesma refeição, uma profusão de sabores. Não raro, uma
mesa com duas pessoas chega a
acumular uma pilha com dez
steamers. Em geral, cada variedade vem com três unidades.
Aí, a recomendação é escolher
quatro porções por pessoa e ir
beliscando, compartilhando.
"Na China, são comuns essas
casas de chá em que os garçons
passam com carrinhos, ou várias cestas de bambu, gritando
qual prato estão carregando. As
pessoas levantam a mão e pedem o que querem", diz Carlos
Eij, 42, professor de cozinha
asiática da Anhembi Morumbi.
A jornalista JANAINA FIDALGO viajou a convite
do restaurante Ping Pong
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