|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
"DISCO DE OURO"
Cantora lança novo CD aos 52 anos de carreira discográfica
Angela Maria, 75, canta MPB de Cartola a Cazuza
DA REPORTAGEM LOCAL
Em atividade musical praticamente ininterrupta desde 1951, a
carioca Angela Maria, 75, lança
agora "Disco de Ouro", seu primeiro álbum no século 21.
Após o encerramento de contrato com a Sony Music, em 99,
Angela estava sem gravadora
-até que o também músico Thomas Roth a chamou para gravar
por sua independente Lua Discos.
"Gostei da idéia de começar tudo de novo, de voltar aos anos 50,
quando eu gravava por uma pequena casa, a Star. A Lua precisava que eu fosse para lá dar uma
mão a eles -e eles me deram
uma mão também", descreve.
Sentada numa das mesas do Bar
Brahma, no centrão de São Paulo,
onde cumpre temporada de
shows às terças-feiras, Angela justifica sua presença constante, que
a difere de outros intérpretes da
antiga "época de ouro" da música
popular brasileira.
"Estou guerreando, minha vida
sempre foi assim. Não sou exceção, é que eu luto, corro atrás.
Costumo trabalhar a Angela Maria, não parar no tempo."
Daí nasce o projeto de "Disco de
Ouro", em que ela canta baladas
de autores como Cartola, Maysa,
Johnny Alf, Dolores Duran, Tom
Jobim, Roberto e Erasmo, Luiz
Melodia, Eduardo Gudin, Gonzaguinha, Djavan, Peninha, Lulu
Santos, Cazuza.
"Há muito tempo pensava em
fazer um disco da maneira que
quisesse, com arranjos modernos", começa a explicar.
Define em que esse projeto difere dos discos que vinha gravando
pela Sony: "A única coisa é que
nos discos anteriores eu vinha
gravando músicas que haviam sido feitas para mim e eu já havia
cantado anteriormente".
Não vê um fio de ligação entre
as faixas e autores escolhidos.
"São músicas de que gosto, que
têm melodias bonitas e histórias
com começo, meio e fim", diz.
O tom abolerado, de samba-canção, não significa uma opção
pela música de fossa, segundo ela
-e exemplifica com "Como uma
Onda" (83), de Nelson Motta com
o então roqueiro Lulu Santos.
"Não gravaria um rock, não é
meu gênero. Seria querer subir na
árvore de outro macaco. "Como
uma Onda" é uma música alegre,
que traz uma alegria danada. É fácil, não precisa de grandes interpretações."
Ali está escondida a senha de 52
anos de carreira: "Nunca gravei
música difícil. Sempre fui e sou
uma cantora popular".
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Texto Anterior: Livro: Livro diz que "todo DJ já sambou" Próximo Texto: Disco/crítica: Artista assume riscos em CD pouco coeso Índice
|