São Paulo, sábado, 17 de outubro de 1998

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MERCADO EDITORIAL
Livros policiais gays ganham espaço nos EUA

ALESSANDRA BLANCO
de Nova York

Uma nova série de livros policiais começa a fazer sucesso nos EUA: histórias com detetives e personagens gays. O escritor Michael Mesrobian, que usa o pseudônimo de Grant Michaels, foi o pioneiro neste estilo, lançando, em 1981, "A Body to Die", ficção cujo personagem principal é um cabeleireiro de Boston que vira detetive.
O sucesso do cabeleireiro Stan Kraychik foi tal que o livro vendeu 20 mil cópias. A saga de Stan está em seu sexto livro, "Dead as a Doornail", lançado há um mês, e Mesrobian já prepara o sétimo.
Stan é um ex-cabeleireiro que chegou a fazer a academia de polícia, mas largou no meio e também abandonou o salão de beleza após ganhar uma herança.
No sexto livro da série, ele está tentando montar uma espécie de "centro de beleza" com spa e cabeleireiros em um antigo imóvel que comprou com sua fortuna. Mas sua vida é interrompida por uma série de crimes, que ele acaba resolvendo antes da polícia e de seu arquiinimigo, o ex-colega de academia e atual detetive durão (e heterossexual), Vito Branco.
Mas Mesrobian não é o único neste "ramo" de histórias de mistério. Michael Nava vem fazendo sucesso com sua série sobre o advogado hispânico e gay, Henry Rios, que se recupera do alcoolismo. Em 97, John Morgan Wilson ganhou o Edgar Award de melhor mistério por "Simple Justice", seu último livro sobre Benjamin Justice, um repórter ganhador do Prêmio Pulitzer e agora decadente, cujo parceiro gay morreu de Aids.
Até livros com personagens lésbicas vêm ganhando destaque, apesar de serem vendidos só entre a comunidade gay. Segundo Barbara Grier, dona da Naiad Press, editora da Flórida, esse gênero atende a um público específico.
Entre as escritoras da Naiad Press estão Claire McNab, autora da série da detetive Carol Ashton; Robin Miller, criadora de Jaye Maiman, uma investigadora de seguros de Nova York; e Maris Middletown, autora da série sobre Kaye Davis e sua parceira lésbica.
Segundo dados da Nayad e da Stonewall Inn, as duas maiores editoras de livros de mistério gays, 70% dessas obras ainda são vendidas em lojas gays. No entanto, alguns autores como Nava e o próprio Mesrobian dizem que o interesse por esses livros vem crescendo entre heterossexuais, em especial depois que foram retirados da seção de "gays" e realocados em "mistério". "Alguns dos meus leitores mais ávidos são mulheres heterossexuais, mas homens heterossexuais não lêem meus livros. Eles vêem a palavra "gay' em um livro, e suas mentes se fecham", disse Nava.



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