|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCADO EDITORIAL
Livros policiais gays ganham espaço nos EUA
ALESSANDRA BLANCO
de Nova York
Uma nova série de livros policiais começa a fazer sucesso nos
EUA: histórias com detetives e personagens gays. O escritor Michael
Mesrobian, que usa o pseudônimo
de Grant Michaels, foi o pioneiro
neste estilo, lançando, em 1981, "A
Body to Die", ficção cujo personagem principal é um cabeleireiro de
Boston que vira detetive.
O sucesso do cabeleireiro Stan
Kraychik foi tal que o livro vendeu
20 mil cópias. A saga de Stan está
em seu sexto livro, "Dead as a
Doornail", lançado há um mês, e
Mesrobian já prepara o sétimo.
Stan é um ex-cabeleireiro que
chegou a fazer a academia de polícia, mas largou no meio e também
abandonou o salão de beleza após
ganhar uma herança.
No sexto livro da série, ele está
tentando montar uma espécie de
"centro de beleza" com spa e cabeleireiros em um antigo imóvel que
comprou com sua fortuna. Mas
sua vida é interrompida por uma
série de crimes, que ele acaba resolvendo antes da polícia e de seu
arquiinimigo, o ex-colega de academia e atual detetive durão (e heterossexual), Vito Branco.
Mas Mesrobian não é o único
neste "ramo" de histórias de mistério. Michael Nava vem fazendo
sucesso com sua série sobre o advogado hispânico e gay, Henry
Rios, que se recupera do alcoolismo. Em 97, John Morgan Wilson
ganhou o Edgar Award de melhor
mistério por "Simple Justice", seu
último livro sobre Benjamin Justice, um repórter ganhador do Prêmio Pulitzer e agora decadente, cujo parceiro gay morreu de Aids.
Até livros com personagens lésbicas vêm ganhando destaque,
apesar de serem vendidos só entre
a comunidade gay. Segundo Barbara Grier, dona da Naiad Press,
editora da Flórida, esse gênero
atende a um público específico.
Entre as escritoras da Naiad
Press estão Claire McNab, autora
da série da detetive Carol Ashton;
Robin Miller, criadora de Jaye
Maiman, uma investigadora de seguros de Nova York; e Maris Middletown, autora da série sobre Kaye Davis e sua parceira lésbica.
Segundo dados da Nayad e da
Stonewall Inn, as duas maiores
editoras de livros de mistério gays,
70% dessas obras ainda são vendidas em lojas gays. No entanto, alguns autores como Nava e o próprio Mesrobian dizem que o interesse por esses livros vem crescendo entre heterossexuais, em especial depois que foram retirados da
seção de "gays" e realocados em
"mistério". "Alguns dos meus leitores mais ávidos são mulheres heterossexuais, mas homens heterossexuais não lêem meus livros.
Eles vêem a palavra "gay' em um livro, e suas mentes se fecham", disse Nava.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|