MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Há algum tempo a alcunha "el desaparecido", tirada de um de seus maiores sucessos (de seu primeiro disco solo, "Clandestino", de 1998), não cabe mais ao cantor franco-espanhol Manu Chao, pelo menos no que se refere ao Brasil. Além de ter morado no Rio e ter um filho brasileiro, que mora em Fortaleza (CE), Chao tem feito shows regularmente no país (o último foi em junho, abrindo para os franceses do La Phase), mas sempre sem sua banda oficial, a Radio Bemba Sound System, que o acompanhou nas turnês de seus discos -o último em estúdio foi "Proxima Estación: Esperanza" (2001).
Em sua última apresentação em São Paulo, Chao havia dito que voltaria ao Brasil com a banda em 2006, para lançar um disco inédito. Como se vê, o estilo cigano do cantor o fez mudar os planos novamente.
"Tinha 20 dias de folga, falei com os rapazes, ensaiamos durante 15 dias e montamos essa seqüência de shows", afirmou o cantor à imprensa no Uruguai, onde começou a microturnê, que passou também pela Argentina e chega hoje a São Paulo (no Espaço das Americas) e sábado a Curitiba (no Master Hall).
O show é a chance dos brasileiros conferirem novamente o verdadeiro carnaval que Chao faz em companhia da multinacional Radio Bemba -uma mistura de salsa, rock, reggae, português, francês e espanhol que sempre soa completamente diferente de seus discos de estúdio, estes de sonoridade mais eletrônica, com milhares de samplers em cada faixa.
O repertório é sempre imprevisível, assim como a duração do show, mas certamente inclui sucessos da carreira do cantor como "Clandestino", "King of the Bongo", "Minha Galera" e "Mr. Bobby".
Além de reencontrá-lo com sua banda, o show também deve possibilitar ao público conhecer algumas canções inéditas das duas obras que Chao andou produzindo nos últimos tempos: seu primeiro disco totalmente em francês, "Siberie M'etait Contee", lançado neste ano apenas na Europa, em um esquema independente e acompanhado de um livro com textos do próprio cantor, e seu primeiro disco totalmente em "portunhol", que tem o título provisório de "Amalucada Vida" e já está pronto, mas sem data de lançamento.
Além deles, o cantor afirmou que tem dois outros projetos em vista: um disco de rumba -com o sugestivo título "O Pior da Rumba Volumen 1"- e um álbum que formaria uma trilogia com "Clandestino" e "Proxima Estación": "Esperanza".