São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Menino Maluquinho vira símbolo da TVE

Série supera 600 concorrentes, ganha prêmio no Japão e revela recuperação gradual da emissora carioca

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Se "Castelo Rá-Tim-Bum" foi símbolo do bom momento que a TV Cultura viveu nos anos 90, "Um Menino Muito Maluquinho" vem cumprindo a mesma função para a atual TVE Brasil. A série -que também é exibida pela Cultura- teve um de seus episódios eleito em 30 de outubro, em Tóquio, o melhor programa infantil do NHK Japan Prize, superando 300 concorrentes de 60 países.
"O "Maluquinho" é a síntese do que pensamos que deve ser a programação infantil de uma TV pública", afirma Rosa Crescente, diretora geral de televisão da Acerp (Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto), responsável pela emissora. "O prêmio mostra o acerto do nosso projeto de recuperação da TVE, que encontramos um pouco decadente."
Ela e a diretora-presidente da Acerp, Beth Carmona, trabalharam na Cultura na década passada e chegaram à TVE em 2003. Adaptado por Cao Hamburger (diretor do filme "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias") e Anna Muylaert do famoso livro que Ziraldo lançou há 25 anos, "Um Menino Muito Maluquinho" é o projeto mais ambicioso da dupla.
Ao longo de seis meses de 2005, o diretor César Rodrigues gravou os 26 episódios da série, que começou a ser exibida em março deste ano. Felipe Severo, Pedro Saback e Fernando Alves Pinto interpretam o protagonista em três idades: cinco, dez e 30 anos.
"Foi um investimento grande. Mas são programas que podem ser exibidos por muito tempo", diz Crescente, lembrando que os 90 episódios do "Rá-Tim-Bum", feitos em 1994, continuam no ar.
O primeiro retorno financeiro já aconteceu. A série foi adquirida pelo Disney Channel, canal pago que a exibirá no Brasil a partir de 4 de dezembro e está traduzindo os programas para o espanhol, visando à América Latina.
"A família do Maluquinho tem um perfil tipicamente brasileiro e próximo da América Latina. Mas o prêmio no Japão mostra que a história pode ter significado para qualquer espectador", diz Beth Carmona. O episódio "O Menino que Tinha Panela na Cabeça", o segundo da série, foi o premiado em Tóquio.
Ela não comemora apenas o troféu. A TVE produz hoje 85% de sua programação, recorrendo menos a outros canais. Entre as novidades estão "Animamania", com animação para adultos, e "Janela, Janelinha", produção infantil educativa.
Um edifício com novos estúdios foi inaugurado no centro do Rio, ficando o antigo para o jornalismo. E está previsto para janeiro o início das atividades de uma nova torre de transmissão, que deverá melhorar o sinal e aumentar o alcance da emissora.


Texto Anterior: Crítica: "É Tudo Verdade" é fruto da visita de Welles ao Brasil
Próximo Texto: Carlos Heitor Cony: O lobo bom e a menina má
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.