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O MÚSICO
"Tecnologia é fundamental, mas o emotivo vem antes"
especial para a Folha
Se o diretor John Lasseter confiou seu "Toy Story 2" à tecnologia (leia texto ao lado), Randy
Newman, que assinou a trilha sonora desse filme, não crê nos
computadores como alicerce para
seu trabalho.
Autor de várias e famosas performances musicais -a última
delas é "Fausto" e há outra programada para correr a Europa-,
Newman disse usar sintetizadores, mas afirmou que pode fazer
qualquer trilha sonora para o cinema apenas com um bom e velho piano.
"A tecnologia é fundamental
para "Toy Story", mas o lado emotivo vem sempre antes. É só você
se lembrar do impasse de Woody
entre ir a um museu ou ficar com
seus colegas. A importância do filme também está nesses momentos", explica.
Românticas
Emotiva é a música "When She
Loved Me", em que Jessie, a parceira de Woody nas lojas, confinada no apartamento do colecionador Al, conta de quando sua
dona a trocou pelos Beatles, namorado e festas.
Newman confessa que vem preferindo as músicas românticas às
cômicas, com a bagagem de quem
está desde os anos 70 compondo
partituras para o cinema.
É só lembrar de alguns exemplos, como "Na Época do Ragtime" (1981), de Milos Forman,
"Um Homem Fora de Série"
(1984), com Robert Redford,
"Maverick" (1994), com Mel Gibson e Jodie Foster, o primeiro
"Toy Story" (1995) e "Vida de Inseto" (1998).
Agenda lotada
Teria feito ainda mais, como a
trilha de "Ironweed", que o diretor Hector Babenco o convidou
para compor, em 1986. Convite
que não aceitou porque a agenda
lotada não permitiu.
"Gosto muito de Babenco e vi
grandes filmes brasileiros. O melhor, para mim, é "Pixote - A Lei
do Mais Fraco" (1980), e uma belíssima trilha sonora é a de "Bye
Bye Brasil", de (Carlos) Diegues",
afirmou.
Sentimental
Premiado com alguns Grammy
e tendo concorrido já duas vezes
ao Oscar, pode-se dizer que
Randy tenha herdado o talento de
seus tios Alfred ("Suplício de
Uma Saudade", 1955) e Lionel
Newman ("O Rio das Almas Perdidas", 1954).
Os dois belos dramas que apontam sucessos nas carreiras dos parentes coincidem com o apreço de
Randy a tudo que é sentimental e
que tem sido o fio condutor de
seu trabalho em Hollywood, que
opta pelos temas humanistas.
Não é à toa que sua personagem
predileta em "Toy Story 2" seja
Jessie.
"Apesar de ela estar trancada
numa caixa, confinada num
quarto, ela ainda é cheia de vida, é
radiante, doce e bonita. Ela tem
grande personalidade e é uma
presença feminina marcante no
filme."
(PSL)
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