São Paulo, Sexta-feira, 17 de Dezembro de 1999


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O MÚSICO
"Tecnologia é fundamental, mas o emotivo vem antes"

especial para a Folha

Se o diretor John Lasseter confiou seu "Toy Story 2" à tecnologia (leia texto ao lado), Randy Newman, que assinou a trilha sonora desse filme, não crê nos computadores como alicerce para seu trabalho.
Autor de várias e famosas performances musicais -a última delas é "Fausto" e há outra programada para correr a Europa-, Newman disse usar sintetizadores, mas afirmou que pode fazer qualquer trilha sonora para o cinema apenas com um bom e velho piano.
"A tecnologia é fundamental para "Toy Story", mas o lado emotivo vem sempre antes. É só você se lembrar do impasse de Woody entre ir a um museu ou ficar com seus colegas. A importância do filme também está nesses momentos", explica.

Românticas
Emotiva é a música "When She Loved Me", em que Jessie, a parceira de Woody nas lojas, confinada no apartamento do colecionador Al, conta de quando sua dona a trocou pelos Beatles, namorado e festas.
Newman confessa que vem preferindo as músicas românticas às cômicas, com a bagagem de quem está desde os anos 70 compondo partituras para o cinema.
É só lembrar de alguns exemplos, como "Na Época do Ragtime" (1981), de Milos Forman, "Um Homem Fora de Série" (1984), com Robert Redford, "Maverick" (1994), com Mel Gibson e Jodie Foster, o primeiro "Toy Story" (1995) e "Vida de Inseto" (1998).

Agenda lotada
Teria feito ainda mais, como a trilha de "Ironweed", que o diretor Hector Babenco o convidou para compor, em 1986. Convite que não aceitou porque a agenda lotada não permitiu.
"Gosto muito de Babenco e vi grandes filmes brasileiros. O melhor, para mim, é "Pixote - A Lei do Mais Fraco" (1980), e uma belíssima trilha sonora é a de "Bye Bye Brasil", de (Carlos) Diegues", afirmou.

Sentimental
Premiado com alguns Grammy e tendo concorrido já duas vezes ao Oscar, pode-se dizer que Randy tenha herdado o talento de seus tios Alfred ("Suplício de Uma Saudade", 1955) e Lionel Newman ("O Rio das Almas Perdidas", 1954).
Os dois belos dramas que apontam sucessos nas carreiras dos parentes coincidem com o apreço de Randy a tudo que é sentimental e que tem sido o fio condutor de seu trabalho em Hollywood, que opta pelos temas humanistas.
Não é à toa que sua personagem predileta em "Toy Story 2" seja Jessie.
"Apesar de ela estar trancada numa caixa, confinada num quarto, ela ainda é cheia de vida, é radiante, doce e bonita. Ela tem grande personalidade e é uma presença feminina marcante no filme."
(PSL)


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