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LIVRO/LANÇAMENTO
"OTTO MARIA CARPEAUX"
Segundo volume de "Ensaios Reunidos", obra completa do escritor, chega às livrarias em maio
Carpeaux volta ao trilho da durabilidade
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando começou a fazer sua
pesquisa, em 1995, Mauro Souza
Ventura teve que frequentar dezenas de sebos, em busca dos cerca
de 20 livros publicados por Otto
Maria Carpeaux no Brasil.
O "homem mais culto e inteligente que toda uma geração conheceu", no dizer do escritor e colunista da Folha Carlos Heitor
Cony, estava longe das livrarias.
Quatro anos depois, esse quadro mudou. Em 1999, a editora
Topbooks (de "De Karpfen a Carpeaux") começou, junto com a
UniverCidade Editora, um ambicioso projeto de reedição em dez
volumes da obra de Carpeaux,
coordenado pelo jornalista e ensaísta Olavo de Carvalho.
O primeiro volume dos "Ensaios Reunidos", que saiu em julho desse ano, reuniu em quase
mil páginas seis dos principais livros de Carpeaux: de "A Cinza do
Purgatório" (42), onde compilou
seus primeiros ensaios brasileiros, até "Livros na Mesa" (78).
E o segundo "tijolo" está prestes
a sair. Segundo o editor da Topbooks, José Mário Pereira, as cerca de mil páginas com artigos feitos originalmente para periódicos
(grosso da produção de Carpeaux) e com prefácios e introduções devem estar nas livrarias durante a Bienal do Rio, em maio.
A simples escalação do "elenco"
sobre o qual escreve Carpeaux
nesse volume indica o "universalismo" que se atribui "ad infinitum" a seu trabalho: escritores como Italo Svevo, Mário de Andrade e Ernest Hemingway (autor
que lhe valeu 80 páginas de análise, tiradas do seu livro "Hemingway"), músicos como Bach e Mozart, ou o pintor El Greco.
De acordo com Ventura, o ensaísta conseguia lidar com personagens tão diferentes sob uma
perspectiva única -característica
que nunca se conseguiu apontar.
"Ele sempre enxerga a arte sob o
prisma do símbolo. A obra de arte
para ele tem valor na medida em
que é monumento, símbolo. Ele
recusa as manifestações artísticas
alegóricas", afirma o pesquisador.
Nas palavras do próprio Carpeaux, "nasce uma obra de arte se
o autor chega a transformar a
emoção em símbolo; se não, ele só
consegue uma alegoria".
No texto, publicado em "A Cinza do Purgatório" (1942), ele conclui, com o português claro que
lhe acompanhou, que "a expressão simbólica é o privilégio do
poeta. Tanto mais durável é a sua
obra quanto mais universal o símbolo". Depois de um longo hiato,
onde só podia ser encontrada na
poeira dos sebos, a escrita cheia
de símbolos e universalidades de
Carpeaux parece voltar ao trilho,
também, da durabilidade.
(CASSIANO ELEK MACHADO)
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