São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2005

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TEMPORADA DE MODA

26 desfiles lançam tendências, como xadrez, transparência, soft vintage, cigano e esportivo

Inverno 2005 no Rio vem mais criativo

ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Foi animada a versão de inverno 2005 do Fashion Rio, depois de mostrar em cinco dias, 26 desfiles -fora as apresentações paralelas e o evento destinado aos novos talentos, o Rio Moda Hype. O evento demonstrou mais maturidade, enquanto a cidade também se faz mais receptiva e acostumada com a movimentação da moda.
Sem as marcas de praia desfilando, o foco ficou mesmo por conta das roupas. E as marcas efetivamente lançaram novidades. Estão mais criativas, mostrando menos calça pijama (um clássico do estilo carioca). Esta temporada marcou a consagração da Coven que, apoiada num eficiente trabalho do stylist Daniel Ueda, apresenta coleção coerente e honesta, calcada na malharia que é sua especialidade. Desta vez, o foco é a inspiração cigana que é tendência do momento, mas de modo usável, sem jeitão de fantasia. Em tons terrosos e acobreados, a grife mineira de Liliane Queiroz mostrou algumas das melhores saias do evento, rodadas, soltas e livres. O que falta para a Coven realmente acontecer? Loja própria no Rio ou em São Paulo, já que fica a sensação de uma moda meio fantasma.
Patricia Viera, em esquema totalmente artesanal, conseguiu escapar da armadilha folk que ameaça as marcas partidárias deste estilo artístico e boêmio. Olhou para o passado histórico (outra tendência da hora) para criar uma imagem muito feminina e delicada, mostrando excepcional técnica sobre seu material, o couro. A olhos nus, nem parece, lembrando até veludo, como o branco com dourado em devorê, que virou sofisticado trench-coat.
Nessa mesma onda do passado, o paulista Walter Rodrigues retoma a concentração. Menos distraído com a sensualidade latina, exercita-se formalmente em vestidos de cintura elevada e drama, pondo-se a macacões justos ao corpo, em instigante coleção que cita Lewis Carrol, de modo sensual e quase perverso. O preto é bom; a cartela de chiffons coloridas é chatinha. Também acertando na dose do drama, a Sta. Ephigênia rejuvenesceu sua imagem, principalmente na primeira metade do desfile.
A simpática Zigfreda cresceu. Mantém seu saudável approach de estamparia, levando para o mundo das flores e bordados, mas avança sobretudo na história do soft vintage que predomina no momento (é assim: mais do que um decalque de décadas, a imagem apenas sugere um silhueta, sem a fantasia de cada período). As saias anos 50 continuam, e a Zigfreda, bonitinha, investe em peças separadas, compondo melhor seu universo.
Focando o mesmo tipo de feminilidade, a Maria Bonita Extra consegue bons momentos, misturando a uma leitura pessoal do guarda-roupa masculino (outra tendência forte neste Fashion Rio), mas, ainda que os vestidos estranhos e geométricos não deram lá muito certo, trata-se de tentativa louvável da talentosa Andrea Marques. A grife mãe Maria Bonita abriu o evento, com direção de Daniela Thomas, desfilando sobre terra, acertando na difícil tarefa de misturar o conceitual com o comercial.
A marca de jeanswear Colcci vem fazendo uma interessante trajetória. Conseguiu atrair a atenção da mídia com a presença de Gisele Bündchen na passarela, mas, por outro lado, o mesmo fato distraiu os olhos dos editores para seu eficiente tratamento de jeans e básico.
Coube à estreante Animale a tarefa de fechar o Fashion Rio, com uma moda sexy à la Roberto Cavalli, com casting poderoso, muita pele, phyton, estampas animais, numa vamp poderosa e bem fashion. Com as modernas Karlla Girotto e Priscilla Darolt na equipe de estilo, é agora uma marca interessante a observar.
A temporada de lançamentos de inverno 2005 continua amanhã, com a abertura da São Paulo Fashion Week, até terça-feira no prédio da Bienal.


A jornalista Erika Palomino viajou a convite do Fashion Rio.


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