|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TEMPORADA DE MODA
26 desfiles lançam tendências, como xadrez, transparência, soft vintage, cigano e esportivo
Inverno 2005 no Rio vem mais criativo
ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Foi animada a versão de inverno 2005 do Fashion Rio, depois de
mostrar em cinco dias, 26 desfiles
-fora as apresentações paralelas
e o evento destinado aos novos talentos, o Rio Moda Hype. O evento demonstrou mais maturidade,
enquanto a cidade também se faz
mais receptiva e acostumada com
a movimentação da moda.
Sem as marcas de praia desfilando, o foco ficou mesmo por
conta das roupas. E as marcas efetivamente lançaram novidades.
Estão mais criativas, mostrando
menos calça pijama (um clássico
do estilo carioca). Esta temporada
marcou a consagração da Coven
que, apoiada num eficiente trabalho do stylist Daniel Ueda, apresenta coleção coerente e honesta,
calcada na malharia que é sua especialidade. Desta vez, o foco é a
inspiração cigana que é tendência
do momento, mas de modo usável, sem jeitão de fantasia. Em
tons terrosos e acobreados, a grife
mineira de Liliane Queiroz mostrou algumas das melhores saias
do evento, rodadas, soltas e livres.
O que falta para a Coven realmente acontecer? Loja própria no Rio
ou em São Paulo, já que fica a sensação de uma moda meio fantasma.
Patricia Viera, em esquema totalmente artesanal, conseguiu escapar da armadilha folk que
ameaça as marcas partidárias deste estilo artístico e boêmio. Olhou
para o passado histórico (outra
tendência da hora) para criar uma
imagem muito feminina e delicada, mostrando excepcional técnica sobre seu material, o couro. A
olhos nus, nem parece, lembrando até veludo, como o branco
com dourado em devorê, que virou sofisticado trench-coat.
Nessa mesma onda do passado,
o paulista Walter Rodrigues retoma a concentração. Menos distraído com a sensualidade latina,
exercita-se formalmente em vestidos de cintura elevada e drama,
pondo-se a macacões justos ao
corpo, em instigante coleção que
cita Lewis Carrol, de modo sensual e quase perverso. O preto é
bom; a cartela de chiffons coloridas é chatinha. Também acertando na dose do drama, a Sta. Ephigênia rejuvenesceu sua imagem,
principalmente na primeira metade do desfile.
A simpática Zigfreda cresceu.
Mantém seu saudável approach
de estamparia, levando para o
mundo das flores e bordados,
mas avança sobretudo na história
do soft vintage que predomina no
momento (é assim: mais do que
um decalque de décadas, a imagem apenas sugere um silhueta,
sem a fantasia de cada período).
As saias anos 50 continuam, e a
Zigfreda, bonitinha, investe em
peças separadas, compondo melhor seu universo.
Focando o mesmo tipo de feminilidade, a Maria Bonita Extra
consegue bons momentos, misturando a uma leitura pessoal do
guarda-roupa masculino (outra
tendência forte neste Fashion
Rio), mas, ainda que os vestidos
estranhos e geométricos não deram lá muito certo, trata-se de
tentativa louvável da talentosa
Andrea Marques. A grife mãe Maria Bonita abriu o evento, com direção de Daniela Thomas, desfilando sobre terra, acertando na
difícil tarefa de misturar o conceitual com o comercial.
A marca de jeanswear Colcci
vem fazendo uma interessante
trajetória. Conseguiu atrair a
atenção da mídia com a presença
de Gisele Bündchen na passarela,
mas, por outro lado, o mesmo fato distraiu os olhos dos editores
para seu eficiente tratamento de
jeans e básico.
Coube à estreante Animale a tarefa de fechar o Fashion Rio, com
uma moda sexy à la Roberto Cavalli, com casting poderoso, muita pele, phyton, estampas animais, numa vamp poderosa e
bem fashion. Com as modernas
Karlla Girotto e Priscilla Darolt na
equipe de estilo, é agora uma
marca interessante a observar.
A temporada de lançamentos
de inverno 2005 continua amanhã, com a abertura da São Paulo
Fashion Week, até terça-feira no
prédio da Bienal.
A jornalista Erika Palomino viajou a
convite do Fashion Rio.
Texto Anterior: "Mar Adentro" explora dualidade Próximo Texto: Demorô! Índice
|