São Paulo, quarta, 18 de março de 1998

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"Ratinho é um fenômeno do escracho"

da Reportagem Local

Para o promotor Clilton Guimarães dos Santos, do Ministério Público do Estado de São Paulo, "a baixaria saltou dos telejornais policiais para a programação das TVs". Ele se diz "estarrecido e preocupado" com a criação de novos programas como "Ratinho Livre" e "Márcia". Na próxima segunda-feira, estréia o popular "Magdalena Manchete Verdade".
Santos credita o sucesso desses programas à inoperância do Estado e à própria Rede Globo.
"A Globo está pagando o preço da baixaria encapada que sempre produziu, porque telenovelas nunca foram programas de bom nível. A emissora está vendo hoje que há quem faça coisas mais baixas ainda", diz.
E conclui: "O programa do Ratinho só existe porque falta esgoto, saúde etc. e há um descaso muito grande das autoridades. A população só quer esse programa porque não tem apoio dos governos".
Para o promotor, Ratinho, ao usar o discurso de que exibe bizarrices porque quer ajudar as pessoas, está sendo demagogo.
"O Ratinho promove a desinformação e um clientelismo absolutamente demagógico. O que ele está fazendo é coisa de circo, histrionice. Há gente que faz muito mais do que ele e não fala uma palavra. Ele é um fenômeno do escracho."
Santos afirma que não quer "perseguir" os apresentadores Carlos Massa e Márcia Goldschmidt. Afirma que está se pautando "pelo interesse social ideal" ao investigar os excessos nos programas. "Só vou pegar os casos mais graves de violação à dignidade e propor ações indenizatórias contra as emissoras, e não contra os apresentadores", diz.
"O Ministério Público não nasceu para ser o policial da mídia, mas devo levar ao Judiciário as questões muito graves de violação da dignidade", afirma. Para ele, o ideal seria a sociedade se mobilizar e criar mecanismos de controle.
Em abril do ano passado, em parceria com o Ministério Público da União, o promotor Santos abriu inquérito civil para coibir excessos em telejornais como o "Cidade Alerta" e o "190 Urgente". O inquérito resultou em portaria do delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo proibindo policiais de darem entrevistas a programas desse gênero. (DC)


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