DA REPORTAGEM LOCAL

A professora de antropologia da USP Eunice Durham recebe hoje a maior honraria outorgável pela universidade. A partir das 14h de hoje, ela passa a ser dona do título de professora emérita da Universidade de São Paulo.
Aos 68 anos, Durham é dona de um dos currículos mais extensos da instituição e vai usar sua paixão pela atividade de docente como matéria-prima do seu discurso de agradecimento. "Devo falar do pouco reconhecimento que se dá dentro da universidade aos professores que se dedicam ao ensino com mais ênfase do que à pesquisa", disse à Folha na terça.
Durham já fez os dois, ensino e pesquisa, fartamente. E diz que o lado docente, segundo ela muito menos valorizado na universidade, é fundamental para a formação de profissionais completos.
"A pesquisa trata sempre de aspectos especializados. Para dominar o campo de conhecimento dentro do qual esse aspecto se encaixa, é necessário o ensino."
A professora, que brinca que entrou na USP ainda bebê ("meu pai era professor daqui"), fez mestrado, doutorado e livre-docência na universidade. O primeiro, sobre imigração italiana ("naquele tempo as imigrações eram um tema central na antropologia", diz a orientadora da primeira-dama Ruth Cardoso em sua tese de doutorado sobre imigração japonesa); o segundo, sobre migração rural urbana; a livre-docência foi sobre o antropólogo polonês Bronislaw Malinowski.
Desde o final dos anos 80, a professora tem trabalhado com o tema do ensino superior, campo no qual vem tendo ampla atuação política. Ela foi presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, ocupou as secretarias nacionais do Ensino Superior (91-92) e de Educação Superior (95-97) e foi membro do Conselho Nacional de Educação, entre 1997 e 2001. Atualmente, coordena o Nupes, o Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior da USP.
(CEM)