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Crítica/"Hard Candy"
Na busca por inovar, Madonna é a "material girl" de sempre
Parceria com Timbaland, Williams e Timberlake tem alguns tropeços e boas faixas dançantes
BRUNO PORTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em entrevista publicada
no último dia 11 na
Ilustrada, Madonna
declarou que hoje, 25 anos após
o disco de estréia, sua música
está mais complexa. "Minhas
canções atuais têm mais senso
de ironia ou contradição que no
passado", disse. Não é o que
mostra "Hard Candy" (Warner), seu mais recente CD, que
chega ao Brasil no dia 28.
O disco traz a "material girl"
de sempre. Ou seja, é mais uma
coleção competente de faixas
dançantes. E só. Nem menos
nem mais que isso. Quem acha
Madonna uma deusa continuará pensando assim. Quem discorda não vai mudar de idéia.
Para tentar reciclar seu público e se manter em dia com o
que há de novo no pop, de tempos em tempos Madonna faz
parcerias com artistas em alta
entre os jovens. Em 1998, por
exemplo, chamou William Orbit para produzir "Ray of
Light". "Music" (2000) foi produzido também por Orbit e pelo francês Mirwais. Há alguns
anos, tentou se aproximar de
Eminem, que a teria esnobado.
Ela volta a recorrer a esse artifício em "Hard Candy": Timbaland e Pharrell Williams produziram o disco, que tem vocais
do popstar Justin Timberlake.
Timbaland e Williams estão
entre os produtores mais requisitados dos EUA. O primeiro já trabalhou com a nata do
hip hop (Missy Elliott, Jay-Z); o
segundo é a alma por trás de
"Justified", CD que fez de Timberlake um astro respeitado
pela crítica. A soma desses talentos, porém, não torna "Hard
Candy" um CD excelente. Em
algumas faixas, a química não
funciona. É o caso de "She's Not
Me", "Incredible" e "Beat Goes
on", as três produzidas por Williams. O americano exagerou
na dose de batidas mirabolantes e barulhinhos, deixando as
faixas sem unidade, sem cara.
Williams também errou ao
homenagear os anos 80 nas três
músicas, abusando dos sintetizadores. Em outros momentos,
os produtores acertam, e Madonna erra. "4 Minutes" é um
exemplo. Os vocais mal dizem a
que vieram. Timberlake canta
nessa e em "Dance 2night",
"Devil Wouldn't Recognize
You" e "Voices", mas suas participações são discretas demais. Se o CD fosse um filme,
não seria errado dizer que ele
faz uma ponta.
Algumas faixas, porém, compensam os tropeços. A de abertura, "Candy Shop", com seus
beats meio afro, é um dos pontos altos. Remete aos bons momentos de Missy Elliott. "Spanish Lessons" -uma aula de espanhol, literalmente- vai pelo
mesmo caminho, com potencial para incendiar pistas. A
quase balada "Miles Aways",
mais íntima, é outro acerto. Pegando carona na moda, Madonna flerta com o funk carioca na
monótona "Give It 2 Me".
As letras são fracas, como
sempre. A maioria mescla feminismo de botequim com pitadas de hedonismo. "She's Not
Me" ("Ela tenta ser/ Mas ela
não sou eu") parece recado às
aspirantes a Madonna, que faz
50 anos em agosto. Mas "Hard
Candy" garante sobrevida ao
mito, que segue nota dez em
marketing e cinco em música.
HARD CANDY
Artista: Madonna
Gravadora: Warner
Quanto: R$ 39,90 (lançamento
previsto para 28/4)
Avaliação: bom
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