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Peça "O Rei da Vela" é o 10º volume da "Coleção Folha"
Obra de Oswald de Andrade tem crise do café como pano de fundo
DA REPORTAGEM LOCAL
A corrupção e o clientelismo
praticados pelas classes dominantes, que se alternam no poder sem que a ordem social se
modifique, são o tema ostensivo da peça "O Rei da Vela", décimo volume da "Coleção Folha
Grandes Escritores Brasileiros", que chega às bancas neste
domingo. Concebida por Oswald de Andrade, a peça está
dentro do espírito das vanguardas dos anos 20.
Com o pano de fundo da crise
do café e das bolsas, a história
gira em torno de Abelardo 1º,
dono de uma indústria de velas
e de um escritório de agiotagem. Ele vive de emprestar à
elite falida o capital proveniente dos países ricos.
"Os ingleses e americanos temem por nós. Estamos ligados
ao destino deles. Devemos tudo, o que temos e o que não temos. Hipotecamos palmeiras...
quedas de água. Cardeais!", diz.
Embora escrita em 1933 e
publicada em 1937, a peça só foi
produzida 30 anos depois,
quando se tornou um dos símbolos do movimento tropicalista, ao lado das canções de Caetano Veloso e das instalações de
Hélio Oiticica. Foi dirigida por
José Celso Martinez Corrêa.
Filho de banqueiro, Oswald
de Andrade (1890-1954) presenciou a efervescência artística européia. Ao lado de Mário
de Andrade, protagonizou o
primeiro tempo do modernismo brasileiro. O temperamento expansivo, inconstante e
afeito a polêmicas deu-lhe uma
notoriedade que, por vezes, encobriu seus dotes artísticos.
Oswald trafegou por áreas
como poesia, romance, teatro e
jornalismo. São de sua autoria
os poemas de "Pau-Brasil" e o
romance "Memórias Sentimentais de João Miramar".
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