São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Peça "O Rei da Vela" é o 10º volume da "Coleção Folha"

Obra de Oswald de Andrade tem crise do café como pano de fundo

DA REPORTAGEM LOCAL

A corrupção e o clientelismo praticados pelas classes dominantes, que se alternam no poder sem que a ordem social se modifique, são o tema ostensivo da peça "O Rei da Vela", décimo volume da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros", que chega às bancas neste domingo. Concebida por Oswald de Andrade, a peça está dentro do espírito das vanguardas dos anos 20.
Com o pano de fundo da crise do café e das bolsas, a história gira em torno de Abelardo 1º, dono de uma indústria de velas e de um escritório de agiotagem. Ele vive de emprestar à elite falida o capital proveniente dos países ricos.
"Os ingleses e americanos temem por nós. Estamos ligados ao destino deles. Devemos tudo, o que temos e o que não temos. Hipotecamos palmeiras... quedas de água. Cardeais!", diz.
Embora escrita em 1933 e publicada em 1937, a peça só foi produzida 30 anos depois, quando se tornou um dos símbolos do movimento tropicalista, ao lado das canções de Caetano Veloso e das instalações de Hélio Oiticica. Foi dirigida por José Celso Martinez Corrêa.
Filho de banqueiro, Oswald de Andrade (1890-1954) presenciou a efervescência artística européia. Ao lado de Mário de Andrade, protagonizou o primeiro tempo do modernismo brasileiro. O temperamento expansivo, inconstante e afeito a polêmicas deu-lhe uma notoriedade que, por vezes, encobriu seus dotes artísticos.
Oswald trafegou por áreas como poesia, romance, teatro e jornalismo. São de sua autoria os poemas de "Pau-Brasil" e o romance "Memórias Sentimentais de João Miramar".


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