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EXPOSIÇÃO
Fotógrafo abre hoje mostra com grandes ampliações de seus trabalhos no Senac, em São Paulo
David Zingg vê o Brasil e seus brasileiros
ANA MARIA GUARIGLIA
free-lance para a Folha
Junto aos mitos importados da
fotografia brasileira que registraram os momentos históricos do
país nos anos 30, 40 e 50, como
Pierre Verger (1902-1996), Marcel
Gautherot (1910-1996) e Jean Manzon (1915-1990), o norte-americano David Zingg representa o fotojornalismo dos anos subsequentes.
A partir da década de 60, a fotografia deixou de ser a prova submissa comprometida com o texto.
Zingg se fixou no país exatamente
nessa hora.
Ao retratar figuras nada convencionais da cultura brasileira no período militar, como a atriz Leila
Diniz (1945-1972), Zingg flagrou
uma época, tornando-se seu sinônimo e sua expressão.
Esse comportamento será mostrado na exposição que o Senac
inaugura hoje e que integra o 4º
Mês Internacional da Fotografia,
promovido pelo NaFoto.
Na extravagância das fotos que
chegam a medir 4 m por 6 m, o fotógrafo aposta no impacto das
imagens. "Não me interesso mais
por fotinhos 20 cm por 25 cm."
Aos 75 anos, Zingg ainda transpira curiosidade - está usando
um micro Macintosh para experiências com fotos digitais - e
continua não tendo assuntos específicos para mostrar."Tudo é importante, tudo nos remete à memória."
Nascido em Montclair, em Nova
York, Zingg foi amigo do ex-presidente John Kennedy, assassinado
em 1963, de Duke Ellington e de
Che Guevara, com quem jantou na
casa dos Rockefeller.
Nos EUA, escreveu e fotografou
para revistas como "Life", "Vogue" e "Esquire". Chegou ao país
em 1959 e trabalhou na "Manchete", "Cláudia" e "Isto É" , entre outras, e hoje é colunista da Folha.
Abaixo, leia algumas dicas sobre
seu trabalho na exposição.
Folha - De onde veio a idéia de
apresentar fotos gigantes?
David Drew Zingg - Com toda essa coisa de vídeo, de cinema e outras mídias, a fotografia está perdendo a emoção dos anos passados. Estou de saco cheio de fotos
pequenas. Acho que a foto tem que
ser considerada uma preciosidade,
como essa ampliação de 4 m por 6
m, que mostra a parede de uma
igreja mineira. Está cheia de fotinhos de pessoas. Achei legal ampliar porque o espectador vai curtir umas duas horas. Tem fotos
dentro das fotos e histórias.
Folha - Por que o tema da mostra
é somente o Brasil?
Zingg - São os trabalhos que me
trouxeram para cá. Tenho milhares de fotos e fazer uma exposição
é um desafio. É difícil descobrir
qual é a direção a ser seguida. Nesses últimos 30 anos, morando
aqui, acredito que o país perdeu
sua inocência e essa idéia está visível na exposição.
Folha - Como é essa homenagem
ao artista Hélio Oiticica?
Zingg - Foi um grande amigo e o
homenageio com as bandeiras.Temos dez horizontais e verticais,
com 2 m por 3 m. Eu tinha uma galeria no Rio, a G4, que apresentava
"novos artistas". O Oiticica fazia
parte deles.
Folha - Como seria sua definição
sobre as fotos da fase brasileira?
Zingg - Na minha vida, fui sempre um pouco político. Nunca estive a favor dos milicos, e agia meio
camuflado para passar o que pensava e sentia por meio das minhas
imagens. Essa é a época que estou
mostrando na exposição. Tudo
mudou muito violentamente e não
só aqui, no mundo todo.
Exposição: David Drew Zingg - Despachos
de uma Terra Perdida
Quando: hoje, às 20h30 (encontro com o
fotógrafo, a partir das 19h30); seg. a sex.,
das 9h às 22h; até 18 de junho
Onde: Senac (rua Scipião, 67, Lapa, tel.
011/3872-6722)
Quanto: entrada franca
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