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CLOSE-UP PLANET ANHEMBI, 15/5
Tecnopunk do Prodigy pendeu mais ao tecno
LÚCIO RIBEIRO
Editor-adjunto da Ilustrada
"We fuck the
rhythms." É o
vocalista Maxim
Reality no palco,
falando para os
que ainda não
sabem quem é e
o que faz sua
banda, o Prodigy, que acabara de
tomar postos no palco do Anhembi, por volta das 23h30 de uma glacial noite de sábado em São Paulo.
Não teve parafuso que impedisse
desta vez a ação de uma das bandas-pilares da explosão eletrônica
desta década, gênero que, muito
por culpa do Prodigy, hoje domina
noites latinas em Miami, subsolos
em Londres, praias na Austrália,
praças no Japão e show para 30 mil
pessoas em SP.
Lá estava a trupe de Keith Flint e
Liam Howlett "fucking" os ritmos
do rap, punk, rock, botando tudo
em um disquete e devolvendo aos
ouvidos paulistanos em forma de
futuro, para uma apresentação que
a banda ficou devendo desde o ano
passado, quando o show de SP teve
que ser cancelado.
Tudo bom, tudo bem. Mas cabe
aqui umas considerações sobre o
show do último sábado.
* Muito decente uma banda como o Prodigy, seja pelo dinheiro
que for, parar projetos pessoais e o
desenvolvimento do próximo álbum só para corrigir um erro que
deixou na mão muita gente deste
lado de baixo do Atlântico, com o
adiamento do show de SP em 98.
Por outro lado, ficou evidente
que às vezes a banda parecia ausente do palco, talvez pelo "destreino", sem pique de turnê, por
ter estado havia algum tempo longe da estrada, depois de tocar dois
anos sem parar na divulgação do
milionário e importante CD "The
Fat of the Land". Por hora, dava a
impressão de que a banda estava
tocando no aniversário de um amigo. OK, o show era de graça...
* Os que foram ao Anhembi
atraídos pelo forte elemento rock
que fez o Prodigy botar cabeludos
em pista de dança podem ter ficado um pouco decepcionados.
O show, tirando o peso do início
com "Rock'n'Roll" e a punkosa
"Fuel My Fire" no final, foi essencialmente eletrônico. Até "Firestarter" estava mais house do que
pauleira.
"Poison", "Their Law" e principalmente "Voodoo People", músicas pré-"The Fat of the Land", e
"Mindfields", do próprio, mais para mexer as cadeiras do que bater a
cabeça, foram disparadas as melhores da noite.
* Comparações com o show do
Rio no ano passado: além das diferenças óbvias de apresentações em
lugar fechado (RJ) e aberto (SP),
calor (RJ) e frio (SP), a performance carioca foi rock, a paulista foi
dance. Os públicos dos dois
lugares botaram para quebrar, formados ambos
por clubbers e curiosos. O que diferiu
foi na forte
porção de cybermanos animados e pintados da periferia (SP), enquanto no
Rio predominou os
brigões da era jiu-jitsu.
* E o que ajudou a esfriar o show mais do que o
frio que fazia no Anhembi
foi o sistema de som já tradicional do lugar, que chega
como um radinho de pilha para quem não estava bem na frente,
batendo pernas e cotovelos nas pessoas do
lado.
Avaliação:
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