São Paulo, sábado, 18 de julho de 1998

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Professora faz texto crítico

da enviada ao Rio

O trabalho de Marlene Gomes Mendes, professora de crítica genética da Universidade Federal Fluminense, de fixar ou estabelecer o texto de 23 livros de Clarice Lispector, não necessita obrigatoriamente dos originais da autora.
"Esse seria um trabalho muito maior e a editora quer publicar logo", afirma. Isso não diminui a importância da fixação de um texto crítico da obra de Lispector.
"Na edição crítica, você pega todas as edições em vida do autor, vai comparando com a última e registrando as mudanças feitas pelo autor ao longo desse tempo. No texto crítico, confronta com uma edição em vida, que é considerada texto de base para a correção dos erros", diz.
Segundo ela, o objetivo desse procedimento é dar ao leitor um texto fidedigno, que se aproxime o mais possível daquele que o autor escreveu. Assim, eliminam-se intervenções editoriais, problemas de revisão que acabam se acumulando ao longo do tempo. "Todo texto que tem tradição, que é transmitido, tende a aparecer com erros", diz Marlene.
A professora é doutora em literatura pela USP e tem publicada a sua tese "Edição Crítica em uma Perspectiva Genética de As Três Marias de Rachel de Queiroz".
Segundo ela, não se pode esquecer que um texto literário tem status de obra de arte. "Ninguém vai retocar um quadro do Picasso porque não está de acordo com determinada regra", afirmou
A editora Rocco faz trabalho semelhante com a obra de Lygia Fagundes Telles, que também será reeditada quase em sua totalidade.
Lygia está fazendo as revisões pessoalmente, assessorada pela professora Sônia Régis, da PUC-SP. O primeiro a sair será "A Noite Escura e Mais Eu".



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