São Paulo, sábado, 18 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Carta

"Como se trata de textos nos quais quis registrar os pensamentos mais íntimos dos meus personagens, as frases destacadas acabam parecendo mais obscuras do que são. Todavia, eu não vejo nelas nenhuma "impropriedade de vocabulário".
Eu admito, se você quiser, que as frases não refletem a maneira habitual de falar, mas eu lhe asseguro que é a mesma coisa em português: eu tomei liberdades de estilo, o que dá direito de criticar, mas não de impedir. Se em português eu escrevo dessa forma, não vejo razão para que em francês o livro se torna outra obra.
Eu gostaria ainda de esclarecer o seguinte: a pontuação que eu empreguei no livro não é acidental (no sentido de ser por acaso) e não resulta da ignorância de regras gramaticais. Você concordaria comigo que os princípios elementares de pontuação são aprendidos (ensinados/estudados) em qualquer escola. Estou plenamente consciente das razões que me levaram a escolher essa pontuação e faço questão que ela seja respeitada."



Trecho de carta de Clarice Lispector a Pierre de Lescure, originalmente em francês, de 7 de março de 1955, sobre tradução de seu texto




Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.