São Paulo, sábado, 18 de julho de 1998

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MÚSICA
Grandes artistas ainda apostam no formato vinil

Reprodução
Lançamento do grupo Portishead


LEANDRO FORTINO
da Reportagem Local

Embora no Brasil exista apenas uma fábrica que ainda prensa discos em vinil (situada no Rio de Janeiro), nos mercados fonográficos norte-americano e europeu as "bolachas" continuam a ser produzidas como no passado, embora em menor escala.
A intenção é continuar a atrair os fãs do formato que, com a entrada dos CDs nas lojas, ficaram órfãos do prazer de colocar a agulha do toca-discos sobre os sulcos de um álbum.
Muitos ainda dizem que com o formato digital a música gravada perdeu características importantes, como os graves, além de ter sofrido um prejuízo do som encorpado associado às gravações em vinil. Em um teste comparativo, a diferença é bem perceptível.
Mas, detalhes à parte, a verdade é que, passada a novidade do CD, comprar um vinil, para aqueles que ainda mantiveram um toca-discos ligado ao aparelho de som, pode ser um negócio bem mais vantajoso do que adquirir a versão digital.
Além do som, é inegável que as capas produzidas para CD deixaram de lado muitos detalhes gráficos, como a impressão de cores e as informações escritas.
Muitas das letras de encartes de CDs necessitam de lupas para serem lidas com clareza. Uma capa de disco em vinil é mais de quatro vezes maior que a de um CD.
O preço é outra diferença importante. Lançamentos em vinil são, muitas vezes, mais baratos do que os em CD, até mesmo se pensarmos em um álbum duplo em vinil.
Um CD comporta até 75 minutos de música, enquanto em cada lada de um vinil o tempo máximo de gravação é de 22 minutos e 30 segundos (45 minutos no total).
Portanto, um CD simples quando passado para o formato vinil pode se tornar um álbum duplo, dependendo de sua duração. Nos EUA e Europa ambos os lançamentos têm o mesmo preço.
No Brasil, há algumas lojas que ainda investem no formato e aceitam encomendas de praticamente todos os lançamentos de grandes artistas disponíveis em catálogo.
Na loja Zeitgeist, em São Paulo, um vinil simples custa entre R$ 13 e R$ 18 e um duplo, entre R$ 22 e R$ 26. Os CDs simples, importados, são vendidos por até R$ 21.
A Indie Records, também em São Paulo, tem recebido de seus fornecedores estrangeiros cada vez mais opções para a compra de vinis que podem ser conseguidos também sob encomenda.
Já a loja Motor Music, de Belo Horizonte, dispõe de alguns títulos para pronta entrega dos selos que representa no Brasil, como o americano Dischord, do líder do Fugazi, Ian McKaye (veja telefones no fim do texto).
Quando um dos artistas desse selo, o grupo americano Make-Up, se apresentou no Brasil, no mês passado, trouxe na bagagem alguns discos e CDs para serem vendidos durante as apresentações. O CD custava R$ 18, enquanto o vinil, R$ 12.

Edições especiais
O cultuado formato passou a ser usado para o lançamento de edições especiais e limitadas, muitas fabricadas em vinil colorido, como os três álbuns experimentais do Sonic Youth, da série "SYR", prensados em vermelho, azul e no clássico preto.
A coletânea "Death to the Pixies", do grupo Pixies, ganhou uma versão limitada formada por quatro discos de dez polegadas (formato intermediário entre o LP e o compacto), embalados em uma caixa especial, com fotos mais sofisticadas do que as encontradas no CD.
Há também álbuns de bandas e artistas conhecidos, como os dos grupos Pavement, Portishead, Atari Teenage Riot e Chemical Brothers, que também são lançados em vinil.
Outro lançamento recente é a coletânea "Selector", do selo independente americano K Records, lançada em vinil duplo, que é vendido pelo mesmo preço do CD simples.
O álbum traz faixas raras de Jon Spencer Blues Explosion, Beck e Dub Narcotic Sound System, que deve tocar no Brasil neste ano.
Ainda há alguns artistas brasileiros que também têm investido no mercado de vinil para atrair a atenção de DJs, que se multiplicam por aí (leia texto abaixo).



ONDE encomendar:
Zeitgeist (011/222-8173), Indie Records (011/816-1220) e Motor Music (031/261-9464)





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