|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FESTIVAL DO RIO
Ator e diretor norte-americano participou da abertura do evento, que vai exibir mais de 400 filmes
Dirigir é mais divertido, diz Whitaker
RONALDO SOARES
da Sucursal do Rio
Bastou sentir o gostinho de ficar atrás das câmeras, dirigindo
quatro filmes -sendo uma produção para a TV- nos últimos
seis anos, para Forest Whitaker,
38, assumir sua preferência pelo
papel de "film-maker".
"Normalmente, dirigir é mais
divertido. Atuar é até mais fácil,
mas você fica só desenvolvendo
o personagem", disse Whitaker,
em entrevista à Folha.
Os fãs do ator norte-americano
não precisam se preocupar, porque aquela figura robusta, cujo
semblante exprime simultaneamente docilidade e desamparo,
não vai sumir das telas.
Whitaker, que em sua carreira
contabiliza participações em 38
filmes -entre eles "Bird" (1988),
que o projetou mundialmente,
"Prêt-à-Porter" (1994) e "Platoon" (1986)-, esclarece que o
trabalho de diretor tem sido útil
para ele se aperfeiçoar como
ator.
"Quando estou atuando, depois de ter dirigido um filme,
normalmente eu fico mais paciente com o que está acontecendo, porque tenho idéia do todo,
sei tudo o que está acontecendo", afirmou.
Whitaker conversou com a Folha num hotel da zona sul do Rio
anteontem, quando chegou à cidade para participar da abertura
do Festival do Rio 99, mostra cinematográfica que vai exibir
mais de 400 filmes até o final do
mês.
Ele disse que, além de alternar
trabalhos como diretor e ator,
gosta de revezar participações
em grandes produções com
atuações em projetos alternativos, de menor orçamento.
"Eu venho tendo muita sorte,
porque ultimamente tenho feito
esse movimento de ida e volta
(entre os dois tipos de produção). Antes de "Fenômeno"
(1996), por exemplo, fiz "Cortina
de Fumaça" (1995), e antes tinha
feito "Traídos Pelo Desejo"
(1992). Me sinto bem atuando
tanto em grandes produções
quanto em filmes independentes", disse.
Sua mais recente experiência
no cinema se encaixa no segundo caso. Whitaker é o protagonista de "Ghost Dog - The Way
of the Samurai", de Jim Jarmusch, filme escolhido para a
abertura do Festival do Rio, realizada anteontem à noite.
No filme, Whitaker vive um
matador de aluguel que age sob o
código de ética dos samurais. O
trabalho exigiu estudos de história da filosofia e de técnicas de
meditação egípcia. Mas Whitaker está convencido de que o resultado foi satisfatório.
"O Jim (Jarmusch) me disse
que gostou muito, que eu tenho
o jeito dos personagens dele",
contou o ator.
Os dois começaram a conversar sobre o projeto um ano antes
do início das filmagens. Desde
então, Jarmusch -que assumiu
ter criado o personagem para
Whitaker- passava até quatro
horas discutindo detalhes do filme com Whitaker.
"É bom trabalhar com Jim porque ele conversa sobre o projeto
com o elenco e a equipe", contou.
Ao ser questionado sobre a óbvia lembrança de Tarantino
-pela combinação de elementos pop e de violência- suscitada por "Ghost Dog", o ator se
saiu com uma declaração bem
diplomática.
"Gosto muito dos filmes do
Quentin, mas os filmes do Jim
têm uma poesia diferente."
Extremamente simpático, Forest Whitaker não se abalou nem
com o mau tempo no dia de sua
chegada ao Brasil e fazia planos
para "explorar o local". "Parece
ser um lugar bastante impressionante. Pelo que vi da janela do
carro, gostei muito", afirmou o
ator, que jamais havia estado no
Brasil.
Depois de dormir a manhã inteira, para se restabelecer das horas de vôo de Toronto ao Rio
-com escala em Miami-,
Whitaker era só empolgação.
"Quero fazer algo, andar pelas
ruas, ver pessoas", dizia, pedindo sugestões de programas pela
cidade.
Num rápido passeio por um
dos cartões-postais do Rio, a
praia de Copacabana, Whitaker
tomou água-de-coco num
quiosque e achou melhor do que
a que consome em Los Angeles,
onde mora. "É menos doce. E o
coco também é diferente, é verde, mais jovem do que o nosso,
que é marrom."
Texto Anterior: Canal Brasil completa um ano como grata surpresa da TV paga Próximo Texto: Cinema/crítica: "eXistenZ" é sublime e monstruoso Índice
|