DO ENVIADO A CÓRDOBA

Numa praça, o papelão que serve de abrigo à noite é transformado em cenário na intervenção "La Nave Llega", realizada por crianças de rua, sob direção do uruguaio Martín Romanelli.
Em outra praça, adolescentes vestidos de branco traduzem a busca do afeto em abraços desesperados em "Me Toca", projeto do boliviano Diego Aramburo.
O teatro que se apropria do espaço como arte pública ganha segmento cativo no 4º Festival Internacional de Teatro Mercosul, que acontece até amanhã em Córdoba, no norte da Argentina.
São seis projetos com diretores convidados da Argentina, Alemanha, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil, este representado pela intervenção "Liberte-se"", reunião dos grupos A Revolução Não Será Televisionada, Carro Verde e Cia. As Cachorras.
A diretora do festival, Graciela Ayame, afirma optar pela arte pública como subsídio para ações sociais, sobretudo em relação à população mais carente, que aumentou e permanece mais à margem por conta da crise econômica argentina dos últimos anos.
Apesar da ênfase na geografia do Mercosul em sua programação oficial de salas (os brasilienses do Circo Tetro Udi Grudi apresentaram "O Cano"), Córdoba inclui convidados do Equador, Espanha, Alemanha e Coréia. Entre eles, "Ella! Louise Brooks", com a atriz alemã Hanna Schygulla e músicos, e a versão de teatro-dança para o "Hamlet" de Shakespeare, "Amloii, Como lo Dijo Hamlet", da cia. Karlik Danza, do chileno Mauricio Celedón.
Com a marca de grupos de teatro independentes (são mais de 30), uma tradição de mais de 50 anos, Córdoba também privilegiou a cena local, inclusive co-produzindo "Fastos", capitaneada pelo grupo La Piaf Teatro, e "Orto y Ocaso", do La Cochera, de Paco Gimenez. (VS)