São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2004

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TV

Série exibida com sucesso na Globo em 2001 é adaptada para o cinema pelo autor Manoel Carlos, com direção de Daniel Filho

Minissérie "Presença de Anita" vira filme

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Sucesso de audiência e repercussão em 2001, a minissérie "Presença de Anita" (Globo) vai ser transformada em longa-metragem. Será a estréia no cinema de Manoel Carlos, 71, do time VIP de teledramaturgia da emissora.
O autor elabora a adaptação do roteiro e, na semana passada, convidou Daniel Filho ("A Partilha" e "A Dona da História") para a direção e produção. Ouviu um "sim", o que alavanca o início da pré-produção. A previsão é de filmar no próximo ano e lançar no início da 2006. Segundo Maneco, a principal diferença em relação à série é que o longa será de época.
A história foi adaptada do romance homônimo escrito por Mário Donato em 1948. Com tom "caliente", o livro criou tanta polêmica -a Igreja Católica chegou a proibir que fiéis o lessem-, que acabou virando um best-seller.
"Para a televisão, achei melhor trazer para os tempos atuais. No cinema, usarei praticamente o mesmo período do original, o final da Segunda Guerra Mundial, ou, no máximo, início dos anos 50", disse à Folha o escritor, que também irá lançar uma peça de teatro, um livro de poesia e tem planos para uma nova novela e minissérie.
Anterior ao clássico contemporâneo "Lolita" (1955), de Vladimir Nabokov, "Presença de Anita" narra o envolvimento de uma ninfeta com um homem mais velho e casado. Na TV, não faltaram cenas picantes do casal, protagonizado pela estreante Mel Lisboa e pelo galã noveleiro José Mayer.
À época, Maneco fez questão de que a intérprete de Anita fosse iniciante. Queria que levasse apenas a marca da personagem. Para o cinema, repetirá a experiência. "Eu gostaria muito que o José Mayer pudesse fazer no filme o mesmo papel. Mas, para a Anita, quero novamente uma atriz absolutamente desconhecida", afirma.

Bissexualismo
Contratado da Globo até 2008, Maneco ("Laços de Família", "Mulheres Apaixonadas") também reúne as primeiras idéias para sua próxima novela. Sua intenção seria entrar no ar após a sucessora de "América", de Glória Perez, que estréia em março de 2005 no lugar de "Senhora do Destino". "Pode ser que a Globo me chame para entrar logo após "América", no final do próximo ano. Estou à disposição. Mas seria melhor que fosse depois, assim teria mais tempo para me dedicar ao filme e a outros projetos", diz.
Conhecido por inserir polêmicas nas tramas, planeja criar um personagem bissexual e abordar a Aids. "Em "Por Amor" [97/98], havia um homem casado [interpretado por Odilon Wagner] com uma mulher que tinha um caso com um garoto. Não sei por que não houve muita repercussão."
Maneco, que colocou duas lésbicas em "Mulheres Apaixonadas" (2003), diz ter decidido retomar o tema por considerar o "bissexualismo mais atraente do que o homossexualismo como argumento". "É grande o número de bissexuais que vivem com suas mulheres e filhos, ou de mulheres que vivem com seus maridos."
Sobre a Aids, ele afirma que "parece que as pessoas se esqueceram de que existe a doença ou pensam que a cura foi descoberta". "Há uma grande onda de contaminação, que não está mais nas primeiras páginas dos jornais."

Série e teatro
Faz parte ainda de seus planos adaptar na Globo uma série escrita por ele para a Manchete, em 1984. Na extinta TV, "Viver a Vida" foi ao ar com 25 capítulos e, para a nova versão, a intenção é aumentar para 60. A história de um rapaz que quer subir na vida foi inspirada no livro "Uma Tragédia Americana" (Theodore Dreiser), no filme "Um Lugar ao Sol" (George Stevens) e na novela "Selva de Pedra" (Janete Clair).
Fora cinema e TV, Maneco acaba de acertar a montagem de uma peça de sua autoria. "Off", sobre o encontro de uma atriz decadente com um crítico que sempre falou mal dela, terá no elenco Natália Thimberg e Paulo César Pereio, com produção de Montenegro & Raman e direção de Mona Lazar.
O autor negocia ainda o relançamento de seu livro de poesias, "O Bicho Alado", lançado pela Nova Fronteira em 1983.


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