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CINEMA - ESTRÉIAS
"A Hora do Rush' diverte com pancadaria e pastelão
LÚCIO RIBEIRO
Editor interino da Ilustrada
Os devoradores de pipoca da
América deram mostras de que já
lidam bem com a aposentadoria da
"Máquina Mortífera" de Mel Gibson e com a atual falta de imaginação do ex-durão Bruce Willis.
O herói da vez no estilo deixa-que-eu-lido-com-cem-bandidos-de-uma-vez-numa-boa é o asiático
Jackie Chan, que parece ter fincado de vez seu nome em Hollywood
com este "A Hora do Rush", que
estréia hoje no Brasil.
O filme foi uma das mais arrebatadoras bilheterias da temporada
passada nos Estados Unidos, a do
outono de lá, mordendo quase
US$ 150 milhões em ingressos, para uma produção que consumiu
US$ 35 milhões.
Não que "A Hora do Rush" traga
grandes novidades ao cinema de
ação. Direção sem brilhantismo,
atores mal utilizados, história das
mais batidas, o pior do filme "sucumbe", para o bem, ao carisma de
Jackie Chan, o chapa do kung fu, o
bailarino das artes marciais, o
principal herdeiro de Bruce Lee e o
atual rei das locadoras do planeta.
Ex-dublê, diretor e produtor,
Chan é o principal nome do recente êxodo da indústria cinematográfica de Hong Kong para Hollywood, que importou diretores como John Woo e Tsui Hark e estrelas como Michelle Yeoh.
Chan caiu nas graças dos americanos (pouco) por ser o herói que
dispensa dublês e efeitos especiais
em suas cenas de ação e (muito)
por incrementar as pancadarias
com momentos do mais autêntico
pastelão.
Em "A Hora do Rush", o mais
novo exemplar da comédia de parceiros, Chan contracena com Chris
Tucker, aspirante ao título de Eddie Murphy do final dos 90.
Tucker trocou não há muito sua
carreira de comediante de teatro
para arriscar a pele como ator
hollywoodiano. E tem na boca sua
principal arma: fala tão rápido
quanto Chan movimenta mão e
pernas em uma briga.
A história do filme é a seguinte:
nos últimos dias de Hong Kong como colônia britânica, o tira Chan
desmantela perigosa quadrilha,
mas o chefão dos bandidos escapa
para os Estados Unidos. Lá ele sequestra a filha do cônsul chinês,
que exige do FBI trazer um velho
amigo (Chan) de Hong Kong a Los
Angeles para ajudar no caso.
Os federais não aceitam trabalhar com um agente estrangeiro e
muito menos querem ajuda da polícia de Los Angeles, que também
quer entrar no caso.
Então a idéia é armar para que
um tira da LAPD seja convocado
para "vigiar" o agente asiático,
mantendo-o fora do caso. Quem é
o policial da LAPD? O encrenqueiro Chris Tucker.
O verdadeiro duelo
Mais do que as alegóricas lutas de
Chan e Tucker contra os bandidos,
o principal duelo de "A Hora do
Rush" é travado entre os "parceiros" Chan e Tucker, algo que sempre foi esboçado nos "Máquina
Mortífera", mas nunca levado a cabo.
A verdadeira graça de "A Hora
do Rush" vem de o filme juntar o
detetive que lida com a máfia de
Hong Kong e o tira das ruas de Los
Angeles. O sujeito chinês e o negro
americano. O cara modesto e tímido e o falastrão que só pensa em se
autopromover.
Com a fórmula "parceiros x bandidos" devidamente gasta, os filmes de ação ganham um frescor
armando verdadeiras brigas internas entre os protagonistas do bem.
Por hora, isso se mostra muito
mais inventivo e divertido, quando
nos papéis principais estão sujeitos como Chan e Tucker.
Filme: A Hora do Rush
Produção: EUA, 1998
Direção: Brett Ratner
Com: Jackie Chan, Chris Tucker, Ken Leung
Quando: a partir de hoje, nos cines Marabá,
Iguatemi 1, Eldorado 3 e circuito
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