São Paulo, sexta, 18 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA - ESTRÉIAS
"A Hora do Rush' diverte com pancadaria e pastelão

LÚCIO RIBEIRO
Editor interino da Ilustrada

Os devoradores de pipoca da América deram mostras de que já lidam bem com a aposentadoria da "Máquina Mortífera" de Mel Gibson e com a atual falta de imaginação do ex-durão Bruce Willis.
O herói da vez no estilo deixa-que-eu-lido-com-cem-bandidos-de-uma-vez-numa-boa é o asiático Jackie Chan, que parece ter fincado de vez seu nome em Hollywood com este "A Hora do Rush", que estréia hoje no Brasil.
O filme foi uma das mais arrebatadoras bilheterias da temporada passada nos Estados Unidos, a do outono de lá, mordendo quase US$ 150 milhões em ingressos, para uma produção que consumiu US$ 35 milhões.
Não que "A Hora do Rush" traga grandes novidades ao cinema de ação. Direção sem brilhantismo, atores mal utilizados, história das mais batidas, o pior do filme "sucumbe", para o bem, ao carisma de Jackie Chan, o chapa do kung fu, o bailarino das artes marciais, o principal herdeiro de Bruce Lee e o atual rei das locadoras do planeta.
Ex-dublê, diretor e produtor, Chan é o principal nome do recente êxodo da indústria cinematográfica de Hong Kong para Hollywood, que importou diretores como John Woo e Tsui Hark e estrelas como Michelle Yeoh.
Chan caiu nas graças dos americanos (pouco) por ser o herói que dispensa dublês e efeitos especiais em suas cenas de ação e (muito) por incrementar as pancadarias com momentos do mais autêntico pastelão.
Em "A Hora do Rush", o mais novo exemplar da comédia de parceiros, Chan contracena com Chris Tucker, aspirante ao título de Eddie Murphy do final dos 90.
Tucker trocou não há muito sua carreira de comediante de teatro para arriscar a pele como ator hollywoodiano. E tem na boca sua principal arma: fala tão rápido quanto Chan movimenta mão e pernas em uma briga.
A história do filme é a seguinte: nos últimos dias de Hong Kong como colônia britânica, o tira Chan desmantela perigosa quadrilha, mas o chefão dos bandidos escapa para os Estados Unidos. Lá ele sequestra a filha do cônsul chinês, que exige do FBI trazer um velho amigo (Chan) de Hong Kong a Los Angeles para ajudar no caso.
Os federais não aceitam trabalhar com um agente estrangeiro e muito menos querem ajuda da polícia de Los Angeles, que também quer entrar no caso.
Então a idéia é armar para que um tira da LAPD seja convocado para "vigiar" o agente asiático, mantendo-o fora do caso. Quem é o policial da LAPD? O encrenqueiro Chris Tucker.

O verdadeiro duelo
Mais do que as alegóricas lutas de Chan e Tucker contra os bandidos, o principal duelo de "A Hora do Rush" é travado entre os "parceiros" Chan e Tucker, algo que sempre foi esboçado nos "Máquina Mortífera", mas nunca levado a cabo.
A verdadeira graça de "A Hora do Rush" vem de o filme juntar o detetive que lida com a máfia de Hong Kong e o tira das ruas de Los Angeles. O sujeito chinês e o negro americano. O cara modesto e tímido e o falastrão que só pensa em se autopromover.
Com a fórmula "parceiros x bandidos" devidamente gasta, os filmes de ação ganham um frescor armando verdadeiras brigas internas entre os protagonistas do bem. Por hora, isso se mostra muito mais inventivo e divertido, quando nos papéis principais estão sujeitos como Chan e Tucker.



Filme: A Hora do Rush Produção: EUA, 1998
Direção: Brett Ratner
Com: Jackie Chan, Chris Tucker, Ken Leung
Quando: a partir de hoje, nos cines Marabá, Iguatemi 1, Eldorado 3 e circuito





Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.